Blog do Josias de Souza
- 24/08/2016
Suprema ironia: enquanto o PSDB pega em lanças no Congresso
contra a concessão de novos reajustes para servidores e critica Michel Temer
por emitir “sinais ambíguos” sobre a matéria, o chanceler tucano José Serra
reivindica um aumento salarial para o funcionalismo do Itamaraty.
Serra visitou o Senado nesta terça-feira (23). Foi ao
gabinete do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Chegou no meio de uma reunião
em que o tucanato discutia com senadores de partidos aliados a tática a ser
adotada nas sessões de julgamento do impeachment de Dilma Rousseff. Pediu apoio
para o aumento do Itamaraty.
Recordou-se a Serra que não há como apoiar uma proposta que
o governo nem sequer remeteu ao Congresso. E o chanceler: “Esse é o problema. O
governo está dizendo que não vai mandar a proposta porque o PSDB é contra.”
Um auxiliar de Temer confirmou ao blog que o Planalto não
tem a intenção de enviar ao Congresso novos pedidos de aumento. “Os tucanos
precisam lidar com suas hipocrisias”, ironizou.
O governo tampouco planeja abandonar ou se insurgir contra
os projetos que já se encontram no Legislativo. Entre eles os que elevam os
vencimentos da Receita Federal, da Polícia Federal e do Supremo Tribunal
Federal.
Contrário à leva de aumentos, o senador Aloysio Nunes
Ferreira (PSDB-SP), líder do governo e amigo de Serra, esteve no Planalto. Foi
se queixar do apoio do PMDB, partido de Temer, aos projetos que elevam os
vencimentos dos ministros do Supremo e do Ministério Público Federal. Falou com
o próprio Temer e com o ministro Geddel Vieira Lima, coordenador político do
Planalto.
O máximo que Aloysio conseguiu foi uma promessa de que o
Planalto tentaria retardar as votações para depois do impeachment.