BSPF - 04/09/2016
Retratos de Dilma já foram retirados dos gabinetes da
presidência. Novo governo não decidiu se mantém a tradição da foto oficial em
todas as repertições
Enquanto Michel Temer tomava posse do cargo efetivo de
presidente da República na tarde de quarta-feira 31, no Congresso Nacional, um
funcionário do Palácio do Planalto empurrava um carrinho de metal pelos
corredores recolhendo os retratos da ex-presidente Dilma Rousseff. Um a um, ele
retirava os quadros amontoados junto às portas das salas e empilhava em sua
carriola. A foto da petista clicada em 2011, sorridente dentro de um blazer
off-white e com a faixa presidencial verde e amarela transpassada sobre o peito
deixou de ornamentar as repartições públicas federais. A Presidência atual
ainda não sabe o que fará com as imagens, mesmo que as opções não sejam lá
muito numerosas.
Alguns dos novos ocupantes do imóvel admitiram sentir um
certo desconforto em ter Dilma sorrindo para eles o dia todo. O ministro Geddel
Vieira Lima, da Secretaria de Governo, antes mesmo do afastamento definitivo,
já havia mudado a imagem de lugar, colocando-a em uma parede de pouca
circulação, próxima ao toalete.
Temer ainda não posou para sua foto oficial, uma vez que a
agenda após a posse exigiu que embarcasse rapidamente para a China, a tempo de
participar do encontro do G-20. Ele confidenciou a um amigo que está refletindo
se vai ou não querer seu retrato pendurado na parede como se estivesse
“vigiando” os funcionários públicos. Temer disse achar que esse tipo de coisa é
“um culto ao personalismo”, típico de países autoritários, mas ainda não tomou
uma decisão definitiva. Um Projeto de Lei do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES)
pode proibir o uso dessas imagens em repartições públicas.
Outra mudança simples, mas significativa, pode ser notada no
terceiro andar do Planalto, a área mais restrita do prédio por abrigar o
gabinete presidencial. Todas as placas de identificações das salas penduradas
às portas que traziam a palavra “Presidenta”, com “a” no final, conforme exigia
Dilma, tiveram a vogal raspada, tendo virado “president”, à espera da saudosa letra
“e”.
Fonte: ISTOÉ Independente