BSPF - 21/04/2017
O governo vai endurecer nas negociações para reajustes de
salários de empregados de empresas estatais neste ano, mas não encampará a
proposta de “reajuste zero” defendida por uma ala do Ministério do
Planejamento. “Falar em reajuste zero é muito pesado. O que vamos fazer é dar
aumentos salariais de acordo com a capacidade de cada companhia”, diz um
assessor do presidente Michel Temer.
Dentro do Palácio do Planalto, a orientação é de que as
estatais vejam se realmente têm condições de dar reajustes a seus empregados.
Já se sabe, de antemão, que a maioria delas não tem sequer condições de
corrigir a folha de salários pela inflação dos últimos 12 meses.
Sendo assim, na média, os aumentos devem ser um pouco
inferior ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado nas
negociações trabalhistas. “Acreditamos que, diante de todos os prejuízos
acumulados pelas estatais, no máximo, elas terão condições de dar reajustes de
acordo com a inflação. E olhe lá”, diz o mesmo auxiliar presidencial.
Limpeza
Entre as estatais, somente as do setor financeiro, Banco do
Brasil e Caixa Econômica Federal, têm conseguido registrar lucros, mesmo assim,
a situação dessas instituições não é das mais confortáveis. O Banco do Brasil,
por exemplo, teve que promover um grande fechamento de agências e dar
incentivos a funcionários para se aposentarem.
A rentabilidade do BB é de apenas 7,5%, metade da registrada
pelos grandes concorrentes privados. Isso mostra que o banco precisa passar por
um enxugamento. As despesas com pessoal, por exemplo, são R$ 3 bilhões por ano
superiores às de Bradesco e Itaú Unibanco.
Na Caixa, também está havendo um enxugamento de pessoal por
meio de incentivos à aposentadoria, mas a situação é bem menos confortável,
devido às perdas acumuladas nos últimos anos por causa de negócios ruins. A
Caixa tem aparecido, constantemente, em operações realizadas pela Polícia
Federal dentro da Lava-Jato.
“No geral, a situação das estatais é muito complicada.
Estamos vendo recuperação na Petrobras, mas a empresa é praticamente a metade
do que era antes do estouro da Lava-Jato”, comenta um integrante da equipe
econômica. “Temos que fazer um grande ajuste na estatais, inclusive de pessoal,
reduzir o aparelhamento político e profissionalizar a gestão”, acrescenta.
Fonte: Blog do Vicente