Contas Abertas
- 24/07/2017
O governo de Michel Temer não consegue fugir das
contradições. Mesmo com mais um corte no orçamento anunciado na semana passada,
o governo elevou o número de cargos de confiança para 20.321 em junho. São
quase 500 cargos a mais do que os registrados em maio deste ano.
Até abril, o governo vinha diminuindo o número de pessoas
com cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS) e Funções Comissionadas
do Poder Executivo (FCPE). Em setembro do ano passado, uma lei federal
extinguiu 10,4 mil cargos de chefia que podiam ser ocupados por qualquer pessoa
indicada e os substituiu por gratificações que só podem ser dadas a
funcionários públicos de carreira, as FCPEs.
O aumento dos cargos desse tipo também elevou o número total
de cargos, funções de confiança e gratificações do governo federal. A
quantidade de funcionários nessas funções chegaram a 99.817 em junho. Em maio,
a quantidade era de 99.657.
As promessas de diminuir despesas e cargos parecem que vão
ficar mesmo somente no papel. O aumento de cargos de confiança acontece junto
com bilhões liberados em emendas para
parlamentares a fim de assegurar o apoio da base para para barrar a denúncia
de corrupção.
Em meados do mês passado, por 41 votos, sendo uma
abstinência, a 24, o colegiado garantiu uma primeira vitória a Temer no
Congresso. Agora o texto seguirá para plenário e, para que a denúncia não seja
aceita, Temer precisará de 172 votos.
Mesmo que obtida com manobras, a vitória de Temer na CCJ
enviou o recado que o presidente precisava para reestimular a base de apoio que
lhe é cara no Congresso e em setores importantes da economia.
Após a sessão da CCJ, as principais associações de comércio
e serviços do Brasil enviaram mensagens aos deputados pedindo celeridade.”O
país tem pressa para voltar a crescer”, disseram. O reforço não evitou o
adiamento da votação, mas mostrou que Temer não está só.