BSPF - 08/12/2017
Apesar da promessa do governo de enxugar a máquina, o número
de indicados a cargos especiais no governo só cresceu e já é maior do que a
quantidade de servidores em funções comissionadas no início da gestão de Michel
Temer.
Em junho do ano passado, quando o governo assumiu o
compromisso de cortar 4 mil cargos, existiam 20.560 DAS, como são chamadas as
vagas de Direção e Assessoramento Superiores.
No lugar dos DAS, que quase sempre são pessoas não
concursadas, o governo criou as Funções Comissionadas do Poder Executivo
(FCPE), para quem já é funcionário de carreira. Todos têm um status a mais e
ganham mais por isso.
Na soma, hoje há 22.600 pessoas ocupando vagas especiais.
Duas mil a mais em ministérios, autarquias e fundações.
Os dados são oficiais, retirados do Painel Estatístico de
Pessoal. O economista Gil Castello Branco, da Contas Abertas, diz que nos
últimos meses, as contratações de pessoas em cargos do tipo foi mais intensa.
“A redução nunca chegou aos 4 mil prometidos. O governo
começou a cortar esses cargos, mas as contrações começaram a crescer novamente
nos últimos meses”, afirmou.
Entre junho e outubro deste ano, meses em que as denúncias
contra o presidente Michel Temer foram analisadas pelo Congresso, cerca de 335
pessoas, concursadas ou não, foram alocadas em cargos comissionados em
diferentes áreas. O que dá uma média de dois cargos por dia ao longo dos cinco
meses.
Em diversos órgãos isso tem afetado o clima entre os
trabalhadores. Na Funai, por exemplo, servidores protestaram contra o Diretor
de Administração, Francisco José Nunes Ferreira, que indicou nomes para o
assessoramento dele e realocou verbas de quase R$ 10 milhões, a revelia do
grupo técnico da instituição.
Para o presidente da Associação Nacional dos Servidores da
Funai, Rogério Oliveira, o problema não é a indicação, mas a qualidade do
indicado. “Os atos recentes praticados pelo Diretor de Administração revelam o
perigoso processo de disputa política na direção do órgão, com consequências
gravíssimas para a instituição, os povos indígenas e os servidores”, afirmou.
A Funai disse que pediu uma investigação da Corregedoria
Interna. O Ministério do Planejamento disse que tem conseguido economizar mais
de R$ 190 milhões, com cortes em mais de 4.184 cargos em comissão, funções de
confiança e gratificações.
Fonte: Contas Abertas