BSPF - 17/01/2018
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
afirmou hoje (15), em Washington, que, se o governo não conseguir os votos
necessários para aprovar a reforma da Previdência em fevereiro, a Câmara não
votará mais a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/2016. O início da
discussão da matéria está previsto para 19 de fevereiro.
“Na minha opinião, se não conseguir voto em fevereiro, não
vota mais. Depois, nós vamos ter outras agendas que precisam avançar”, disse o
deputado. Segundo Maia, entre as matérias prontas para ser votadas no plenário
da Câmara estão a desoneração da folha, os supersalários e o foro privilegiado.
Pessimismo
Maia descartou que esteja pessimista com a aprovação da
reforma da Previdência. Na manhã desta terça-feira, porém, Maia disse que
prioriza a agenda da reforma "sem nenhum tipo de otimismo, sem nenhum
discurso em que a gente diga que esta é uma matéria que estará resolvida em
fevereiro de 2018”. Em discurso mais agressivo, Maia disse que está sendo “realista”
e que já existe “muito político mentiroso no Brasil”.
“Não fiz discurso pessimista, não posso ir para nenhum
ambiente no Brasil e no exterior e mentir. Já tem muito político mentiroso no
Brasil, acho que chega. Está na hora de a gente falar a verdade, e a reforma da
Previdência não é uma votação simples”, afirmou.
O presidente da Câmara voltou a dizer que o governo precisa
reorganizar a sua base aliada para alcançar os 308 votos necessários à
aprovação da reforma. Por se tratar de proposta de emenda à Constituição, são
necessários pelo menos dois terços do total de 513 parlamentares favoráveis à
medida, o correspondente a 308 votos, para a matéria ser aprovada pelo
plenário, em dois turnos.
“Se está achando que a organização do trabalho está lenta
por causa do recesso, e isso é verdade, se eu falar que está resolvido, que já
temos os 308 votos, o que está lento pode ficar pior, vai ficar todo mundo
parado. Então, a gente tem que falar a verdade, para que, em cima de um fato
real, de que não é simples votar a Previdência este ano, a gente possa recompor
a maioria, recompor a base de 320 [parlamentares] para ir para o plenário.
Falar a verdade e ser realista ajuda mais para uma votação do que ficar criando
fantasia e, na hora da votação, perder”, ressaltou.
Para o deputado, o governo e sua base precisam identificar
os pontos críticos da proposta, que ainda causam dúvidas na população, para que
a PEC possa avançar no Congresso Nacional.
“Acho que o governo ou os partidos podiam fazer uma pesquisa
para compreender onde está a rejeição [à reforma da Previdência]”, disse.
“Tenho certeza de que tem uma quantidade enorme de brasileiros que não serão
atingidos pela reforma da Previdência estão contra. Então, tem que ter um
planejamento que embase a pesquisa para que a base do governo possa chegar à
sociedade e explicar ‘você está contra uma reforma que está te beneficiando’”,
disse.
Segundo Maia, há setores da sociedade que distorcem as
informações sobre a reforma para não perder benefícios. “Tem muita informação
que não é verdadeira, que está sendo passada por aqueles que não querem abrir
mão de nada, parte do serviço público, e ficam dando informações à base da
sociedade, que está distante, menos presente nesse debate, e ficam distorcendo
o debate.”
Para o deputado, o enfrentamento deve ser “com muita gente
que usa um exemplo da sociedade, mas na verdade está defendendo o seu próprio
interesse”.
Rodrigo Maia participa, até quinta-feira (18), de encontros
oficiais com autoridades, políticos e empresários nos Estados Unidos e no
México.
Fonte: Agência Brasil