Rodolfo Costa
Correio Braziliense
- 06/05/2015
Ministério do Planejamento alega que não pode se comprometer
com reivindicações da categoria. Greve não está descartada
A retomada das negociações entre servidores e governo federal
sobre a campanha salarial de 2015 começou em clima de frustração. Ontem, quatro
lideranças sindicais foram recebidas ao longo do dia no Ministério do
Planejamento para a apresentação de pautas específicas de carreiras do
Executivo. No entanto, as longas horas de diálogos foram insuficientes para
atender às expectativas de algumas categorias, que não descartam greve em caso
de não terem reivindicações atendidas.
"(O governo) continua alegando que não pode se
comprometer em atender nossas exigências e pediu tempo para analisar a pauta.
Mas, muito do que apresentamos, já é de conhecimento do Planejamento",
criticou o diretor-geral da União dos Advogados Públicos Federais do Brasil
(Unafe), Roberto Mota. A entidade, que congrega as quatro carreiras: advogados
da União, procuradores da Fazenda Nacional, federais e do Banco Central.
Na pauta de reivindicações da Unafe, estão a convocação de
todos os candidatos aprovados nos concursos de procurador do BC e federal; a
criação de uma carreira de apoio aos advogados públicos federais, além doapoio
doExecu-tivo na aprovação das PECs nº 82/2007, que garante autonomia aos
advogados públicos, e nº 443/2009, que estabelece a paridade remuneratória
entre as carreiras jurídicas. Ambas tramitam no Congresso Nacional. "Se não
obtivermos algum retorno, vamos intensificar o processo de entrega de cargos de
chefia e de postos em comissão. Se mesmo assim não surtir efeito, entraremos em
greve", afirmou Mota.
Na abertura dos diálogos individualizados com o governo,
líderes do Sindicato Nacional dos Servidores de Educação Básica, Profissional e
Tecnológica (Sina-sefe) reforçaram a principal reivindicação do Fórum Nacional
das Entidades - instituição que integra 28 representações nacionais e três
centrais sindicais -, que pede o aumento linear de 27,3%, divididos em quatro
anos.
No entanto, a falta de contraproposta do governo deixou os
representantes insatisfeitos. "Praticamente, voltamos a cobrar mais do
mesmo e, novamente, não obtivemos nada concreto", lamentou o Marcos
Dorval, da direção nacional do Sinasefe. A categoria pede, entre outras coisas,
a reestruturação das carreiras de técnicos e docentes, democratização das
instituições federais de ensino e isonomia de tratamento dos docentes.
"Somos contra o ponto eletrônico. Não faz sentido a aplicação para nós,
sendo que não há a mesma obrigatoriedade para os professores do magistério
superior", acrescentou.
Algumas cobranças dos sindicalistas, como o reajuste de
27,3%, podem não ser atendidas em decorrência do ajuste fiscal. Mas, para o
vice-presidente executivo da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da
Receita Federal (ANFIP), Vilson Romero, a pauta é fundamental para não
comprometer o combate à corrupção. Além da ANFIP, que integra o grupo Fisco, o
Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), cobra a
recomposição do valor do subsídio aos auditores, abertura de concursos públicos
para reposição dos quadros de funcionários, atualização dos valores dos
benefícios e valorização da carreira com a recomposição dos salários defasados.
Em março, o ministro Nelson Barbosa já havia afirmado que
não há espaço fiscal para tratar desse número pelo impacto que provocaria na
folha de pagamento"
Sérgio Mendonça, secretário de Relações de Trabalho do
Ministério do Planejamento