Blog do Josias de Souza
- 08/11/2018
Durante a campanha, Jair Bolsonaro prometeu fazer uma
lipoaspiração no organograma do governo. Em vez dos atuais 29 ministérios, sua
administração teria apenas 15 pastas. Imaginou-se que tudo já estivesse devidamente
planejado. Engano. Desde que foi inaugurada a fase de transição, o capitão
redesenha a sua Esplanada dos Ministérios em cima do joelho. O improviso começa
a assustar.
Entre idas e vindas, surgiram nas últimas 72 horas algumas
novidades tóxicas. Uma delas pode resultar na criação de subministros.
Bolsonaro planejava criar um superministério da Infraestrutura para entregar ao
general Oswaldo Ferreira. Agora, cogita manter separadas as pastas dos
Transportes e de Minas e Energia, submetendo os seus titulares à coordenação do
general Ferreira, que seria um superministro lotado no Planalto. A chance de um
arranjo como esse dar certo é nula.
Outra ideia radioativa de Bolsonaro é a extinção do
Ministério do Trabalho, com a distribuição de suas atribuições para outras
pastas. Num instante em que Bolsonaro ameaça criar o Ministério da Família para
oferecer abrigo ao amigo Magno Malta, desalojado do Senado pelos eleitores do
Espírito Santo, a extinção da pasta do Trabalho é um tapa no rosto dos 12,5
milhões de desempregados.
Quem cuidará do salário desemprego? Quem fiscalizará o
trabalho infantil? Quem reprimirá o trabalho análogo à escravidão? Deus sabe.
Bolsonaro redesenha a Esplanada de tal forma improvisada que parece uma dona de
casa que guarda farinha de trigo num pote de açúcar onde está escrito sal.