Metrópoles - 11/03/2019
A Pasta, no entanto, minimizou as demissões dizendo que, por
se tratar de cargos de confiança, são passíveis de exoneração
No início da noite desta segunda-feira (11/3), edição extra
do Diário Oficial da União trouxe a exoneração de seis servidores do Ministério
da Educação (MEC). Os funcionários eram todos do alto escalão e perderam seus
cargos com a recente crise instalada na Pasta.
Foram exonerados o chefe de gabinete do ministro Ricardo
Vélez Rodrigues, Tiago Tondinelli, e o secretário-executivo adjunto, Eduardo
Miranda Freire de Melo. Além disso, foi oficializada a saída do diretor de
programa da Secretaria-Executiva do ministério, coronel Ricardo Wagner
Roquetti. O militar foi alvo de um pedido de demissão do escritor Olavo de
Carvalho, referência intelectual do clã Bolsonaro.
Deixaram a Pasta ainda: Claudio Titericz (diretor de
programa da Secretaria-Executiva do Ministério da Educação), Silvio Grimaldo de
Camargo (assessor especial do ministro da Educação) e Tiago Levi Diniz Lima
(diretor de Formação Profissional e Inovação da Fundação Joaquim Nabuco).
O DOU também nomeou três pessoas para as vagas: Josie
Priscila Pereira de Jesus será a nova chefe de gabinete do ministro Ricardo
Vélez Rodríguez; Robson Santos da Silva exercerá o cargo de diretor de Formação
Profissional e Inovação da Fundação Joaquim Nabuco; e Rubes Barreto da Silva
será o novo secretário-executivo adjunto da diretoria de Formação Profissional
e Inovação da Fundação Joaquim Nabuco.
Entenda
No domingo (10), após reunião com o presidente Jair
Bolsonaro (PSL), o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez decidiu
exonerar o coronel-aviador da reserva Ricardo Wagner Roquetti do cargo de
diretor de programa da Secretaria Executiva da pasta.
O militar da Aeronáutica estava no centro de uma disputa
envolvendo os “olavistas”, que são os seguidores do escritor Olavo de Carvalho,
militares e técnicos em cargos comissionados no ministério. No fim de semana,
componentes do grupo de Olavo de Carvalho, o guro da Educação do presidente,
acusaram Roquetti de “isolar” o ministro Vélez e de ser responsável pelo
afastamento deles.
Na tarde desta segunda, um motim dentro do MEC teria
começado para enfraquecer e derrubar Vélez Rodríguez. Funcionários ligados ao
filósofo Olavo de Carvalho passaram a levantar nomes de possíveis substitutos
alinhados ideologicamente a eles. O movimento mostra que há três linhas
diferentes dentro da Pasta: ideólogos, militares e técnicos.
Pouco antes da edição extra do DOU, o Ministério da Educação
divulgou uma nota, dizendo que nada irá atrapalhar o combate à corrupção,
“conduzido por equipes cujo compromisso não será outro senão realizar o
ordenamento jurídico, suas regras, princípios e valores”. No texto, o MEC
minimizou ainda as demissões dizendo que, por se tratar de cargos de confiança,
são passíveis de exoneração. “
“As movimentações de pessoal e de reorganização
administrativa, levadas a efeito nos últimos dias, em nada representam
arrefecimento no propósito de combater toda e qualquer forma de corrupção.
Ademais, envolveram cargos e funções de confiança, de livre provimento e
exoneração”, completa a nota.