BSPF - 09/03/2019
Dados do Ministério do Planejamento e do IBGE mostram que
mulheres ocupam menos cargos de chefia e, portanto, recebem menos que homens
Com maiores salários, cargos de chefia e assessoramento do
serviço público federal são ocupados majoritariamente por homens, segundo
painel estatístico de pessoal do Ministério do Planejamento. Os números de 2019
indicam que 43,8% das posições de confiança (cargos DAS) são comandadas por
mulheres. A desigualdade aumenta quando analisados outros postos com alta remuneração
da administração pública.
Entre as Funções Comissionadas do Poder Executivo, por
exemplo, 37% das servidoras são mulheres, enquanto 63% são homens. O mesmo
índice se aplica às direções das Agências Reguladoras, Universidades e
Institutos Federais. Cargos de Natureza Especial são os mais desiguais, com
apenas 7,6% das funções ocupadas por mulheres e 92,4% por homens.
Machismo institucionalizado
De 22 ministros de estado, incluindo a presidência do Banco
Central e a Advocacia-Geral da União, apenas duas são mulheres, totalizando 9%
de representatividade no primeiro escalão do governo Bolsonaro. Durante a
gestão da presidenta Dilma Rousseff, 26% das pastas ministeriais chegaram a ser
ocupadas por mulheres.
Para a Diretora da Secretaria de Administração da
Condsef/Fenadsef, Jussara Griffo, existe machismo institucionalizado. "A
ocupação dos espaços de confiança e decisões políticas diminuíram nesta gestão.
Não esperávamos outra coisa", afirma.
"Ocupamos menos espaço no governo porque o poder de decisão
fica nas mãos dos homens. O curioso é que as mulheres representam grande parte
da força de trabalho dos ministérios e órgãos públicos", analisa Griffo.
A reforma da previdência proposta por Jair Bolsonaro também
ataca mais as mulheres, elevando e equiparando a idade e o tempo de
contribuição com os homens. em um País desigual como o Brasil, mulheres dividem
a jornada de serviço com a maternidade, os cuidados familiares e o trabalho
doméstico. Diante das demandas, muitas mulheres saem do mercado de trabalho
formal, inclusive do serviço público, para se dedicarem à família e ao lar.
País desigual
Estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), especialmente para o 8 de Março, aponta que, apesar da
desigualdade salarial ter diminuído nos últimos sete anos, mulheres ainda
ganham 20,5% menos que homens. O número foi dado com base na Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).
Outra informação divulgada pelo IBGE para o Dia
Internacional de Luta das Mulheres mostra que elas trabalham mais e estudam
mais, entretanto, seguem com remuneração menor. Os resultados ressaltam que a
ideia de meritocracia é falha em se tratando de desigualdades sociais e
barreiras simbólicas.
“Observamos o que se chama de teto de vidro, ou glass
ceiling”, explica Barbara Cobo, coordenadora de População e Indicadores Sociais
do IBGE. “A mulher tem a escolarização necessária ao exercício da função,
consegue enxergar até onde poderia ir na carreira, mas se depara com uma
‘barreira invisível’ que a impede de alcançar seu potencial máximo”, explica.
O serviço público federal, que parece democrático, não está
imune ao teto de vidro comentado por Barbara Cobo, tendo-se em vista que as
funções de direção, de maior remuneração, caem sempre para os homens.
"A maior luta das mulheres do setor público é garantir
que estejamos em todos os espaços de decisões: nos cargos de chefia e
confiança, nos ministérios, nas agências reguladoras, universidades e
institutos federais", ressalta Jussara Griffo.
Fonte: Condsef/Fenadsef com informações da Agência de
Notícias IBGE