sábado, 8 de fevereiro de 2020

''Parasita'', de Guedes, provoca reação em massa de políticos e servidores

Correio Braziliense     -     08/02/2020




Ministro da Economia chama funcionários públicos de parasitas e gera uma reação em massa da categoria e de políticos. Em nota, pasta diz que declaração foi ''retirada de contexto'' pela mídia. Ele também classifica a Previdência de privilégio

O ministro da Economia, Paulo Guedes, comparou os servidores públicos a “parasitas” ao defender, nesta sexta-feira (7/2), as reformas econômicas do governo. Ele alegou que, ao reivindicarem reajustes salariais em meio à crise fiscal que deixou as contas brasileiras no vermelho, os funcionários parecem “parasitas” se aproveitando de um “hospedeiro que está morrendo”. A declaração desencadeou uma reação em massa de políticos e servidores, que a classificaram de “agressão gratuita e desnecessária”, “calúnia” e “assédio institucional”. As críticas levaram a pasta a emitir uma nota, na qual afirmou que a fala de Guedes foi tirada de contexto pela imprensa.

“O funcionalismo teve aumento de 50% acima da inflação. Tem estabilidade de emprego, tem aposentadoria generosa, tem tudo. O hospedeiro está morrendo, e o cara virou um parasita. O dinheiro não chega ao povo, e ele quer aumento automático. Não dá mais”, reclamou Guedes, aplaudido pelo público no seminário que participou no Rio de Janeiro, promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O ministro creditou as palmas ao fato de a população não aceitar mais a situação. Ele disse que, como revelou recentemente uma pesquisa do Datafolha, 88% dos brasileiros apoiam a avaliação e a demissão dos “maus servidores”.

Guedes admitiu, porém, que a possibilidade de suspender os reajustes salariais automáticos do funcionalismo público não está na proposta de reforma administrativa que o governo promete encaminhar ao Congresso na próxima semana. O texto, que é aguardado desde o ano passado pelos parlamentares, teve o envio adiado justamente para ser ajustado nesse ponto. É que, diante da resistência demonstrada pelos servidores públicos e por boa parte do Congresso à proposta, o presidente Jair Bolsonaro decidiu que a reforma administrativa não vai mexer nos direitos dos atuais funcionários. A ideia é acabar com a estabilidade, rever o número de carreiras e endurecer as regras de promoção e reajuste salarial apenas dos novos servidores.

O ministro da Economia nunca engoliu essa “restrição política”. Reclama que, hoje, o funcionalismo representa a terceira maior despesa do governo, perdendo apenas para os gastos com a Previdência — que, por sinal, foi classificada por ele, também nesta sexta-feira (7/2), como um privilégio — e com os juros da dívida pública. “O governo está quebrado e gasta 90% de toda a sua receita com salário, mas é obrigado a dar aumento (aos servidores). (...) Nos Estados Unidos, o cara fica quatro, cinco anos sem dar reajuste e, de repente, quando dá, todo mundo fica ‘oh, muito obrigado’. Aqui, é obrigado a dar porque o dinheiro está carimbado e ainda leva ovo, não pode andar no avião”, criticou. Na visão do ministro, o recurso que vai para o reajuste do funcionalismo poderia ser usado para ampliar os gastos com saúde e educação, por exemplo. “Está faltando dinheiro nos municípios, mas o dinheiro está bloqueado”, reclamou.

É por conta disso que, como já haviam alertado servidores públicos, parte do que foi tirado da reforma administrativa acabou entrando na PEC do Pacto Emergencial, proposta também defendida por Guedes nesta sexta-feira (7/2). O ministro lembrou que, em caso de emergência fiscal, a PEC autoriza os entes federados a acionarem uma série de gatilhos de contenção de gastos. Entre os quais, os que permitem a suspensão dos reajustes e das promoções do funcionalismo. O Ministério da Economia ainda antecipou que, se a PEC fosse aprovada hoje, a União e mais 14 dos 27 estados já poderiam lançar mão das...



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