BSPF - 13/07/2020
Há semanas a aproximação entre o Planalto e o Centrão tem mostrado resultados, com a nomeação de integrantes da composição de legendas para cargos no governo federal, em troca de uma promessa de apoio parlamentar e a construção de uma blindagem contra um eventual processo de impeachment. Na última semana, o acordo provocou mudanças na composição de vice-líderes do governo na Câmara.
Três vagas deverão cair nas mãos do insaciável apetite do Centrão. Um dos atingidos com a negociação foi Daniel Silveira (PSL-RJ), destituído do cargo. Bolsonarista atuante, disposto a enfrentar manifestantes nas ruas que divergem da política do presidente, o deputado não escondeu a insatisfação de ter sido convidado a se retirar do posto.
“Estranha essa relação de homens tão próximos manobrarem enfraquecimento da base do presidente. Ser líder só tem ônus, mas ao menos que seja alguém de honra”, disse. Deputado federal por 27 anos, Jair Bolsonaro sabe que não se constrói uma base parlamentar apenas com afinidades ideológicas. Não existe, portanto, uma nova política. É a política de sempre, no tradicional toma lá dá cá e sempre sujeita a mudanças, que está em curso para angariar estabilidade ao governo Bolsonaro.
AntiSupremo
Outro ponto nevrálgico na mudança é a urgência do Planalto
em evitar novos confrontos com o Supremo. Daniel Silveira é investigado no
inquérito que apura a organização de atos antidemocráticos. Otoni de Paula
(PSC-RJ), outro vice-líder que ficou sem cargo, disparou uma sequência de
impropérios contra o ministro Alexandre de Moraes — “lixo”, “esgoto do STF” e
outros termos — antes de desocupar a cadeira.
Fonte: Blog da Denise