Autor(es): Fernando Nakagawa
O Estado de S. Paulo - 08/10/2009
O Banco do Brasil aumentou em R$ 4 bilhões o limite pré-aprovado para o crédito consignado de 2 milhões de clientes. A medida vai beneficiar aposentados que recebem pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e servidores do Ministério do Planejamento - entidades que assinaram convênio com o banco. Em nota, o BB informa que a ampliação dos valores é resultado de um processo que teve "refinamento das metodologias de análise de crédito". Medidas semelhantes já foram anunciadas para micro e pequenas empresas e outras linhas de financiamento para pessoas físicas. Alinhado com a política do governo de ampliar empréstimos para manter a economia aquecida, o BB refez cálculos e observou que um grupo de clientes tinha possibilidade de tomar mais crédito. São correntistas com bom histórico e baixo perfil de risco e, por isso, ganharam o limite extra. O vice-presidente de Crédito, Controladoria e Risco Global do BB, Ricardo Flores, destaca que a medida é feita automaticamente, sem que os funcionários tenham de analisar caso a caso. "Nosso objetivo é expandir a carteira de crédito com qualidade e eficiência, buscando a automatização de processos que desonerem a rede de atendimento e possam liberar os funcionários das agências para a realização de negócios", disse o executivo, em nota. Atualmente, o BB tem R$ 20 bilhões em empréstimos com desconto em folha de pagamento, principalmente com aposentados e servidores públicos. A instituição é líder no segmento, com 32,6% de todo o consignado. Esse tipo de operação já representa 36% de todos os empréstimos para as pessoas físicas no banco federal. Desde maio, essa é a quarta vez no ano que o Banco do Brasil eleva o crédito pré-aprovado para os clientes. Nas ocasiões anteriores, o valor havia sido ampliado, no total, em R$ 61,3 bilhões. Aumentar os limites, porém, não significa que o financiamento será tomado rapidamente pelos clientes. De maio até o início de setembro, o banco só emprestou efetivamente 8,7% do novo limite oferecido aos correntistas. A investida do BB no crédito consignado tenta abocanhar parte do segmento de crédito que apresentou a melhor reação após o tombo provocado pela crise. Em agosto, bancos emprestaram R$ 6 bilhões em crédito consignado. O valor é 115% maior que o de dezembro de 2008. Nessa mesma base de comparação, o crédito pessoal cresceu 46% e o cartão de crédito avançou 14%. Além disso, a preferência dada pelo banco federal aos aposentados e servidores públicos é explicada porque esse segmento concentra 86,8% de todos os empréstimos com desconto em folha. A iniciativa privada, portanto, respondeu apenas por 13,2% das operações. Em agosto, brasileiros deviam R$ 67 bilhões aos bancos apenas no consignado.