Autor(es): Mariana Branco
Correio Braziliense - 27/05/2011
Estudo da Codeplan revela que o Produto Interno Bruto do DF chegou a R$ 140,9 bilhões em 2010. A divisão do resultado mostra que cada brasiliense tem uma fatia de R$ 50,2 mil, quase o triplo da média do país. A atividade econômica depende do setor público
Os anos passam e o setor privado ganha espaço no Distrito Federal, mas a riqueza continua concentrada nas mãos do funcionalismo público. É o que mostra levantamento da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) sobre o Produto Interno Bruto (PIB) de Brasília e região em 2009 e 2010. O estudo constatou que, no ano passado, a renda gerada pelas atividades de administração, saúde e educação públicas concentrou 47,5% do PIB total, que ficou em R$ 140,9 bilhões.
Além de os servidores puxarem a movimentação econômica na capital federal, seus altos salários são os responsáveis pelo fato de Brasília ter um PIB per capita bem acima da nacional. O Produto Interno Bruto local por habitante em 2010 ficou em US$ 31,2 mil (R$ 50,2 mil), enquanto o brasileiro montou a US$ 10.960 (R$ 17.645). O número brasiliense é quase o triplo do registrado para o país, e 184,7% superior a este.
“A predominância do setor público tem um lado bom e outro ruim. Temos um Produto Interno Bruto acima da média, mas o fato de ele estar concentrado em apenas uma atividade nos deixa muito vulneráveis”, avalia o economista Júlio Miragaya, diretor de Gestão de Informações da Codeplan.
Dependência
O economista Diones Alves, analista da Federação da Indústria do Distrito Federal (Fibra), concorda que o cenário mostra uma economia local dependente da administração pública, e destaca a necessidade de diversificação da atividade produtiva. “Quando o setor público começa a gastar, o privado sente rapidamente em Brasília. No futuro, podemos sofrer restrições em função da diminuição dos gastos públicos”, acredita. Para ele, um ponto positivo foi a dinamização da atividade econômica privada nos últimos anos.
Júlio Miragaya, da Codeplan, ressalta a força dos segmentos de comércio e serviços no DF, em grande parte sustentada pelo poder de compra do próprio funcionalismo público. “Em 2010, segundo a consultoria de marketing Target, Brasília tornou-se o terceiro município brasileiro com maior potencial de consumo, atrás de São Paulo e Rio de Janeiro.”
Os atrativos de ter um emprego público encheram os olhos de Flora Mesquita Garcia, 29 anos, aprovada há cinco na seleção para agente administrativo da Polícia Federal. O cargo, que exige ensino médio completo ajudou Flora a pagar a faculdade. Hoje formada em direito, ela não descarta conquistar um cargo mais bem remunerado estudando para outros concursos.
Os dados acerca do PIB de 2009 e 2010 no DF revelaram que Brasília e região ficaram relativamente tranquilas enquanto a economia brasileira sentia os efeitos da crise financeira internacional, que estourou nos Estados Unidos no fim de 2008. O PIB nacional teve retração, crescendo apenas 0,6% em 2009, após expansão de 5,2% em 2008. No Distrito Federal, a desaceleração foi bem menos expressiva. Em 2008, registrou alta de 3,8% e, em 2009, o indicador subiu apenas 1,9%.
Os dados sobre o PIB do Distrito Federal são preliminares e mostram um crescimento real devido à aplicação do deflator. Informações fechadas acerca do Produto Interno Bruto das unidades da Federação são publicadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a cada dois anos. O último número oficial foi divulgado em 2008, e ficou em R$ 117,5 bilhões. Com base em indicadores não consolidados, a Codeplan fez uma aproximação, que pode sofrer correção no futuro.
Desempenho
O Produto Interno Bruto (PIB) é o principal indicador de análise do desempenho de uma economia. O PIB do Distrito Federal representa toda a renda gerada na economia local pelos diversos agentes produtores no período de um ano, acrescida do recolhimento de impostos.