Correio Braziliense -
09/09/2011
O número de servidores públicos federais em atividade
aumentou 19,8% durante os oito anos de governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado ontem
revelou que a retomada de concursos públicos entre 2003 e 2010 resultou na
admissão de 160,6 mil novos funcionários, mais que o triplo do total contratado
na gestão anterior. O número de ativos saltou de 809.975 no fim do período de
Fernando Henrique Cardoso para 970.605 no ano passado.
Elaborado em parceria com o Ministério do Planejamento, a
pesquisa aponta, no entanto, que esse aumento do quadro de pessoal não foi
suficiente para repor o estoque de servidores ativos existentes no início dos
anos 1990, quando somavam 991,9 mil. "Passamos por um decréscimo acentuado
de servidores civis até 2004. Desde então, houve um processo de retomada de
concursos para substituir aposentados e trabalhadores em condição
irregular", explicou Roberto Nogueira, técnico do Ipea.
Entre os motivos apontados para o esvaziamento da máquina
durante o governo FHC estão, além dos planos de demissão voluntária (PDVs),
momentos de corrida à aposentadoria que, de modo geral, coincidem com períodos
que precederam ou acompanharam reformas previdênciárias: em 1991, entre 1995 a
1998 e a última, em 2003.
Mulheres
Os dados do Ipea revelam que as mulheres constituem minoria
na administração federal (35,1%), mas são maioria nos órgãos estaduais (57,3%)
e municipais (64%). De acordo com o instituto, essa distribuição reflete as
atribuições dadas pela Constituição de 1988 às prefeituras, que assumiram
grande parte das atividades relacionadas às áreas de saúde, assistência e
educação, nas quais as mulheres ainda predominam.
Porém quando o assunto é o contracheque, a situação se
inverte. As mulheres que trabalham no serviço público federal saem à frente dos
homens. O estudo do Ipea revelou que elas ganham, em média, 12,2 salários
mínimos (R$ 6.649) por mês, contra os 11,1 (R$ 6.049,50) dos colegas — uma
diferença de 10%. Nas demais esferas da administração pública, os homens são
mais bem pagos. Na estadual, são, em média, 6,2 salários mínimos para eles e
4,6 para elas. Já nas prefeituras, são 3 para os homens e 2,7 para as mulheres.
Em todo o serviço público brasileiro, a média é de 5,5 e 3,9 salários mínimos,
respectivamente.
Os pesquisadores do instituto ainda pretendem estudar esse
fenômeno mais a fundo. Mas eles já observam uma tendência de as mulheres
passarem a receber mais no serviço público. "O destaque delas é uma
tendência geral, não só no Brasil, como no mundo todo. Em geral, elas ganham
dos homens com relação ao nível de escolaridade, o que deve ter um reflexo nos
próximos anos", analisou Nogueira.