Blog do Servidor Público Federal -
09/10/2011
Governo, Judiciário e Congresso entraram em discussão por um
assunto nada prosaico: salários. Juízes querem aumento. Um gordo aumento de
quase 60%. Parlamentares ameaçam seguir o mesmo índice. A lei estabelece um
teto salarial para os Três Poderes e prevê isonomia na aplicação do reajuste determinado.
Dessa forma, pode ser dada a senha para a escalada rumo aos chamados
supersalários. No Supremo, os juízes brasileiros já são mais bem remunerados
que os seus correlatos alemães. Agora estão prestes a igualar, em dólar, os
valores pagos aos membros da Suprema Corte americana. O problema se repete nos
Estados e municípios. Procuradores municipais, por exemplo, estão ganhando
acima do teto predeterminado e contabilizam salários de até R$ 24,1 mil.
Em
todos os níveis públicos, o salário representa apenas uma fatia dos rendimentos
desses profissionais. Como servidores nas várias esferas, a maioria tem direito
a benefícios em cascata que engordam significativamente o valor final. Há
registro de autoridades ganhando acima dos R$ 90 mil e muitas superam a marca
dos R$ 60 mil. O Planalto se debruçou nos últimos dias sobre o assunto e quer
mudar as regras para evitar os históricos abusos. Planeja aplicar limites
gerais e definir o que entra na conta, inclusive os adicionais de função. É uma
guerra e tanto. Ao mexer no bolso de quem manda no País, o governo Dilma pode
estabelecer um novo paradigma de remuneração estatal e dar assim o exemplo para
todas as classes de trabalhadores.
No campo das empresas, a relação
capital-trabalho também não tem sido fácil. Os Correios levam sua greve por
semanas e praticamente interromperam a entrega de correspondências
nacionalmente. Os bancários pararam quase dez mil agências, sem prazo de
retorno, provocando um caos no sistema, e as negociações se arrastam. Pedem
mais que o dobro do que a Federação dos Bancos está disposta a conceder. E,
mais uma vez, quem paga é a população. A paralisação de serviços essenciais não
combina com o figurino de um país em franco desenvolvimento. Muito menos a
ideia de que Legislativo e Judiciário advoguem em causa própria.
Fonte: Revista IstoÉ - Carlos José Marques, diretor
editorial