CRISTIANE BONFANTI
Correio Braziliense
- 13/11/2011
O ano está acabando, mas 39 seleções estão abertas para
todos os níveis de escolaridade, com salários que vão de R$ 545 a R$ 22 mil.
Muitas pessoas adiam viagens e aproveitam o feriado para estudar mais
Quem quer ingressar no funcionalismo público terá boas
oportunidades em novembro e dezembro. Levantamento do Correio mostra que 39
concursos abertos no Brasil somam 28.285 vagas em todos os níveis de
escolaridade, além de cadastro de reserva. Os salários variam de R$ 545 a R$ 22
mil. Em cursinhos preparatórios, muitos candidatos já trocam os planos de tirar
férias para se dedicar às apostilas. Sara Rodrigues, 24 anos, está de olho em
um dos 2.088 postos que serão oferecidos em quatro grandes órgãos até o fim do
ano e estuda mais de 10 horas por dia.
Formada em direito, ela pretende se inscrever na seleção do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que deve publicar, em 23 de
dezembro, edital com 1.875 vagas de técnico de seguro social e perito médico, com
salários de até R$ 6,5 mil. Ela também está se preparando para o concurso do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cujas regras devem sair amanhã, e do
Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran/DF), que planeja abrir 100
vagas de agente de trânsito, com remuneração de R$ 5,4 mil. "Estou
confiante no meu desempenho, que melhorou muito desde que comecei a estudar em
tempo integral", diz Sara. Ela garante que, para alcançar as metas, são
necessários sacrifícios. "Vou passar o feriado estudando. Não abri mão dos
meu hobbies, mas diminuí as saídas."
Na avaliação de José Wilson Granjeiro, presidente do Gran
Cursos, o certame do INSS será um dos mais disputados. "A estimativa é que
1,5 milhão de pessoas participem. Os candidatos devem se basear nos últimos
editais e estudar disciplinas como legislação previdenciária, português e
direito constitucional e administrativo", sugere. Além desses órgãos, a
expectativa é que a Advocacia-Geral da União (AGU) anuncie seleção para
preencher 138 cargos de advogado e de procurador da Fazenda Nacional, com
salário inicial de R$ 14,9 mil.
Com tantas oportunidades pela frente, o enfermeiro Leonel
Rabelo, 24 anos, garante que vai estudar até ser aprovado. "Vou fazer
todos os concursos que saírem até o fim do ano", diz. O objetivo de Moniky
Alves, 30, é conseguir um cargo em um tribunal. "Também vou fazer todas as
provas daqui para a frente. Estou me dedicando, especialmente, para o
TSE", afirma. Por causa da maratona de estudos, ela se mudou para um
apartamento perto do cursinho. "Saio de lá todos os dias depois de 22h.
Então, fica perigoso ir para longe. Passo mais tempo estudando que em casa. Até
tomo banho no cursinho."
As colegas de turma de Moniky — Rosana Barreto, 34 anos, e
Luana Vieira, 29 — também se esforçam para entrar na carreira pública.
"Todo tempo que tenho, estudo, incluindo sábados, domingos e
feriados", diz Rosana. Ela procura estabilidade e bom salário.
"Deixei meu antigo emprego para me dedicar totalmente aos estudos. Nessas
horas, o apoio da família é essencial. Meu marido me dá todo o suporte."
Luana aproveitou a suspensão de concursos feita ao longo do ano, por causa da
meta de ajuste das contas públicas, para ficar à frente dos concorrentes.
"Tivemos mais tempo para ver as matérias gerais. Não desanimei. Agora,
espero colher os frutos", afirma.
Diretor da Academia do Concurso, Paulo Estrella destaca que,
no próximo ano, o Brasil deverá reforçar o quadro de segurança pública para
receber a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. "O país vai precisar
de policiamento. E, como os candidatos ainda passam por treinamento depois de
serem aprovados nas avaliações, os concursos devem ser feitos logo",
acredita.
No DF, a Polícia Civil está com 58 vagas abertas para o
cargo de perito criminal, com salário inicial de R$ 13,3 mil. A Polícia Federal
aguarda autorização do Ministério do Planejamento para preencher 1.024 cargos
de agente, escrivão, delegado e papiloscopista. Na PF, 2.270 servidores da
carreira poderão se aposentar até 2016. Isso sem contar os 1.379 que já reúnem
condições para parar de trabalhar, mas optaram por ganhar abono de permanência.
Estou confiante no meu desempenho, que melhorou muito desde
que comecei a estudar em tempo integral"
Sara Rodrigues, bacharel em direito