FENAPEF - 29/11/2011
Para aprovar o novo modelo de previdência do servidor
público, o governo Dilma Rousseff cedeu à pressão das categorias e aceitará a
criação de uma aposentadoria especial para servidores cujas funções coloquem em
risco sua integridade física.
Entram na definição policiais federais, rodoviários federais
e médicos que trabalhem em regiões de fronteira, entre outras atividades. Não
há estimativa de quantos são esses servidores, mas só a PF tem 14 mil agentes.
A medida constará no relatório final do projeto de lei que
cria o novo modelo previdenciário.
Maior aposta para acabar, a médio e longo prazo, com o
deficit da Previdência, a proposta tramita na Câmara desde 2007 e deve ser
votada até o final deste ano.
A ideia do governo é permitir que servidores que exercem
funções de risco se aposentem mais cedo que outras categorias.
Ainda não foi definido como essa redução de tempo de serviço
ocorrerá.
Para garantir a aposentadoria especial, o governo vai propor
que a contribuição sobre os salários para o fundo seja um pouco mais alta, de
8,5% contra os atuais 7,5%, tanto da parte da União como destes servidores.
O projeto de lei original, enviado pelo Executivo, não
previa regra específica para essas funções.
O governo também vai propor um novo modelo -chamado de
fundo de longevidade- para pagar a aposentadoria das pessoas que tiverem de
receber o benefício por mais tempo do que o calculado nas regras do modelo de
previdência (25 anos).
RESISTÊNCIAS
O Palácio do Planalto já havia recuado de sua proposta de
criar um único fundo de previdência para os três Poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário) e de terceirizar sua gestão.
A intenção é diminuir as resistências de integrantes da
própria base aliada, como PT, PDT e PC do B, e viabilizar a votação da proposta
em, no máximo, 15 dias.
A equipe presidencial, porém, mantém seu veto ao pedido do
PT de elevar a contribuição geral da União de 7,5% para 8,5%, sob o argumento
de que isso contraria o objetivo da medida, que é reduzir gastos da União com
as aposentadorias do setor público.
O projeto em tramitação na Câmara cria, para os servidores
contratados após a sua futura aprovação, um novo modelo de aposentadoria
similar ao do setor privado.
O servidor terá o benefício bancado pela União até um
determinado valor (R$ 3.691,7, em números de hoje), contribuindo para o INSS
nas mesmas regras do setor privado.
Para ganhar acima deste teto, ele terá de contribuir para um
fundo de previdência complementar.
DEFICIT
Pelos cálculos do governo federal, os fundos do setor
público vão ter uma taxa de administração baixa e um elevado número de
contribuintes, garantindo que os seus beneficiários ganhem como aposentados
cerca de 90% da média dos seus últimos 80 salários.
Atualmente, há 950 mil aposentados e pensionistas na União,
o que gera um deficit estimado neste ano em R$ 57 bilhões.
Enquanto isso, no INSS (Instituto Nacional do Seguro
Social), que banca a aposentadoria do setor privado e tem mais de 20 milhões de
aposentados e pensionistas, o deficit do setor é de R$ 35 bilhões.
No sistema atual, que o governo planeja substituir,
servidores ativos e inativos contribuem com uma alíquota de 11% para seu
sistema de seguridade social e asseguram uma aposentadoria próxima ou igual ao
valor integral de seu salário.
Fonte: Folha de S. Paulo