CRISTIANE BONFANTI
Correio Braziliense - 09/02/2012
Os sindicatos que representam os servidores públicos estão
colocando o governo contra a parede para que defina o interlocutor que assumirá
as negociações salariais. Depois da morte do secretário de Recursos Humanos do
Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva Ferreira, vítima de infarto no
último dia 19, a ministra Miriam Belchior ainda não escolheu um nome para o
substituir.
O secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no
Serviço Público Federal (Condsef), Josemilton Costa, afirmou que, não importa
quem seja o novo secretário, as centrais sindicais precisam ser atendidas.
"Estamos negociando com o governo, não com uma pessoa. A ministra tem de
colocar alguém", disse.
Apesar da demora, os servidores informaram que mantêm o
início da campanha salarial para 15 de fevereiro e que, caso a equipe da
presidente não apresente uma proposta concreta de melhorias até março, eles
devem começar uma greve em abril.
Para Antônio Augusto de Queiroz, analista político e diretor
de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap),
além da falta de um interlocutor, a própria burocracia no Ministério do
Planejamento tornará a relação entre governo e sindicatos conflituosa.
A seu ver, a reestruturação feita por Miriam em janeiro —
com a criação das secretarias de Gestão Pública (Segep) e de Relações do
Trabalho no Serviço Público (SRT), no lugar das de Gestão e de Recursos Humanos
— vai dificultar as negociações. "Antes, a área de Recursos Humanos tinha
uma base de dados. Com as alterações, vai depender de informações e da
concordância do setor de gestão para fechar um acordo", criticou.
O Correio pediu esclarecimentos ao Ministério do
Planejamento sobre a reestruturação às 16h30 de quinta-feira e, até o
fechamento desta edição, o órgão não enviou resposta. Ao publicar o decreto, em
janeiro, ele alegou que as mudanças buscam tornar a relação com os servidores
mais democrática.