Agência Brasil
- 28/06/2012
São Paulo – Professores e funcionários das universidades
públicas federais, em greve desde maio, fizeram hoje (28) um protesto na
Avenida Paulista do qual participaram também servidores públicos de outros
setores.
Segundo a Polícia Militar, 300 pessoas participaram da
manifestação, que começou no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp) e
provocou a interdição de uma faixa da Avenida Paulista por cerca de 3 horas.
Os manifestantes pararam em frente ao Banco Central, num ato
de protesto contra os altos gastos que o governo federal despende com juros e
amortização de dívidas.
Segundo a presidenta da Associação dos Docentes da Unifesp
(Adunifesp), Virgínia Junqueira, o governo gasta 47,19% do Orçamento da União
com a dívida interna, enquanto a educação recebe apenas 3,18%. “Queremos que
10% do PIB sejam destinados ao setor”, declarou.
De acordo com Virgínia, os grevistas reivindicam, com o
apoio do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior
(Andes), um plano único de valorização da carreira. Pela proposta do governo,
rejeitada pelos professores, eles precisariam passar por 16 níveis para chegar
ao topo da carreira e ainda prestar um novo concurso para ser tornar titular.
Os profissionais do ensino iniciam a carreira, segundo Virgínia,
com salário em torno de 3 a 4 mil reais, num cargo de auxiliar de ensino, mesmo
tendo doutorado em sua formação. A ascensão da carreira passaria pelos níveis
de assistente, adjunto e, por último, associado.
A Andes, por sua vez, pede que o plano de carreira tenha 13
níveis, sendo que, para chegar a titular, o professor não necessitaria de novo
concurso. O salário inicial, além disso, seria maior, entre 7 e 8 mil reais.
Na Universidade Federal do ABC (UFABC) , os docentes estão
parados há 23 dias, informou o vice-presidente da associação dos docentes da
instituição.
Segundo o representante do comando de greve Alexandre Luppe,
estudante do curso de Filosofia da UFABC, o plano de carreira ajudaria a
melhorar a situação de alguns cursos da instituição como o de economia, cujo
quadro de professores está com apenas 40% dos docentes. “Professores de outras
áreas têm quebrado um galho, mesmo sem ter o domínio completo da disciplina”,
diz Alexandre.
Além de apoiaram os professores, os alunos da UFABC também
participaram do protesto pelos servidores técnico-administrativos da
instituição, que aderiram à paralisação no dia 11 deste mês.
Na Unifesp, os estudantes pedem moradia estudantil,
restaurante universitário e melhorias estruturais, como novas salas de aula e
bibliotecas.
Alunos das universidades e institutos federais reivindicam
também o voto paritário para escolha dos novos reitores. Segundo o estudante
Alexandre Luppe, na UFABC, apesar de representarem 80% do contingente da
universidade, os alunos têm peso de 20% na decisão. Outros 20% do peso ficam
para os votos dos servidores técnico-administrativos e a maior parte, 60%, a
cargo dos professores.