Vera Batista e Priscilla Oliveira
Correio Braziliense
- 16/08/2012
Os servidores públicos federais fizeram ontem uma
manifestação para mostrar ao Executivo que estão unidos. Cerca de 10 mil
grevistas tomaram a Esplanada dos Ministérios, segundo a Confederação dos
Trabalhadores do Serviço Público Federal (Condsef). Nos cálculos da Polícia
Militar, não passaram de 5 mil. O protesto, que começou por volta das 10h,
ocupou as seis faixas do Eixo Monumental e fechou o trânsito.
Por aproximadamente três horas, os manifestantes,
acompanhados por dois carros de som, carregaram faixas, apitos, cornetas e
tambores e gritaram palavras de ordem. Em frente ao Palácio do Planalto,
pararam por pouco tempo, de forma organizada, no momento em que era anunciado o
Programa de Concessões de Rodovias e Ferrovias. Vários ministros, como o da
Fazenda, Guido Mantega, estavam presentes na cerimônia. Ao saírem, no entanto,
os manifestantes mandaram um recado à presidente: "Se não negociar, nós vamos
ocupar". O trânsito foi liberado parcialmente após as 13 horas. Uma hora
depois, o tráfego voltou à normalidade.
Os servidores contaram com adesão de estudantes de
universidades públicas, que aproveitaram o microfone do carro de som para
exigir do governo a melhoria da qualidade do ensino e a destinação de 10% do
Produto Interno Bruto (PIB) para a educação. De acordo com representantes da
Condsef, a intenção de juntar essa quantidade de pessoas, algumas antes
adversárias, foi a de mostrar que, assim como é possível protestar
pacificamente, também não é difícil pesar mais a mão nos atos contra o descaso
com que estão sendo tratados pelo Ministério do Planejamento. Muitos dos
manifestantes, que vieram de ônibus de outros estados, estão acampados próximo
à Catedral, desde segunda-feira.
Acordos adiados
A indignação cresceu depois que Sérgio Mendonça, secretário
de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, não apresentou proposta
alguma, na segunda-feira, aos servidores e adiou qualquer acordo para a próxima
semana. Mais de 25 categorias cruzaram os braços ou estão fazendo operações
padrão (lentidão no serviço) em busca, principalmente, de aumento salarial,
plano de carreira e fixação de data-base. Querem também que a presidente Dilma
revogue o Decreto nº 7.777, assinado em 10 de agosto, que prevê a substituição
de grevistas de órgãos federais por servidores estaduais e municipais.
33 órgãos parados
Em caminhada ontem pela Esplanada dos Ministérios,
servidores de diversas categorias indicaram que não acreditam que o governo vá
atender as suas reivindicações e já sinalizaram, em palavras de ordem e carros
de som, que a tendência é que o movimento de greve nacional ganhe mais adeptos,
sobretudo das carreiras que estão em operação padrão. A cada negativa de
reajuste, a pressão contra o Planalto só cresce. Estima-se que, hoje, 33 órgãos
estejam com trabalhadores de braços cruzados. O Planejamento calcula que quase
80 mil pessoas tenham parado. A Condsef, porém, projeta número diferente: 350
mil grevistas.
Executivo e Judiciário
Estão em greve funcionários da Polícia Federal, do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), do Arquivo Nacional, da Receita Federal, dos
ministérios da Saúde, do Planejamento, do Meio Ambiente, da Justiça e da
Agricultura, entre outras carreiras típicas de Estado. Servidores do Judiciário
e de 10 agências reguladoras, nas estimativas do Sindicato Nacional dos
Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências), também aderiram
ao movimento.