O Globo - 01/07/2013
No foco dos protestos, máquina administrativa federal
consome R$ 611 bilhões por ano
Cargos comissionados no governo chegaram a 22.417, um
recorde desde 1997, quando começou a série histórica
É como se um paquiderme tentasse voar ou correr e seu peso o
impedisse de avançar. Assim é o governo federal e sua gigantesca máquina
administrativa. Nos últimos anos, com crescimento econômico fraco, o consumo
dessa máquina é cada vez maior. Por conta disso, os manifestantes entoam nas
ruas coros que cobram eficiência, e, agora, até mesmo quem pega carona nessa
estrutura, como os partidos aliados, já defende o corte na carne.
Especialistas
avaliam que a União gasta muito e mal, e defendem uma reforma administrativa
que reduza gastos, aumente a eficiência da gestão e enxugue o número de ministérios.
Os números impressionam. A máquina administrativa do governo federal utiliza a
mão de obra de 984.330 servidores para fazer seus 39 ministérios funcionarem -
eram 24, no final do governo Fernando Henrique Cardoso; e 35, no último ano da
gestão Lula. Hoje, o custo anual chega a R$ 192,8 bilhões só com o gasto de
pessoal.
Somando o custeio de todas as pastas do Executivo - sem
considerar investimentos -, o valor é astronômico: R$ 611.053.640.813. Somente
secretarias vinculadas diretamente à Presidência da República são 14 - a mais
recente, a da Micro e Pequena Empresa, foi criada para dar lugar ao aliado PSD,
que nomeou o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, crítico
contumaz do PT.
Na discussão emergencial que surgiu depois que as manifestações
mostraram força nas ruas, o governo fez várias sugestões, ainda objetos de
discussão. O PMDB, que ficou irritado por não ter sido consultado, embora tenha
Michel Temer na Vice-Presidência, andou espalhando que uma das boas medidas
seria a reforma administrativa, cortando, inclusive, nos ministérios do
partido.
Professor da Escola de Economia e Finanças da Fundação
Getúlio Vargas (FGV), Fernando Holanda Barbosa disse que o governo federal
deveria pensar em fazer a reforma em até três anos:
- A reforma administrativa deveria cortar metade destes
ministérios. Não faz sentido ter os vários que temos aqui. Ela começaria dando
exemplo de que estas pastas não deveriam ser usadas para a troca de apoios -
sugeriu o professor.
Enxugar a estrutura ministerial também é uma medida apontada
por Ruy Quintans, professor de Finanças, Economia e Gestão do Ibmec:
- Os Estados Unidos governam o mundo com cerca de 15
ministérios. A gente tem 39. Será que precisamos de tantos?
Boletim Estatístico de Pessoal, feito pelo Ministério do
Planejamento, mostra que o número de pessoas que tinham, em janeiro, cargo
comissionado na administração direta, autarquias e fundações do Poder Executivo
federal bateu recorde. Chegou a 22.417, o maior desde 1997, quando teve início
a série histórica.
Acompanhe o noticiário de Servidor público pelo Twitter
Acompanhe o noticiário de Servidor público pelo Twitter