Diego Amorim
Correio Braziliense - 19/08/2013
Estudantes que sonham com a estabilidade e os bons salários
oferecidos pelo serviço público não tem do que se queixar. As oportunidades são
muitas para profissionais de níveis de ensino médio e superior, em praticamente
todo o país
A promessa do governo de conter gastos não inibiu a
realização de concursos públicos em todo o país. Apesar do anúncio oficial, no
mês passado, de que algumas contratações teriam de ser adiadas, as
oportunidades para quem sonha com a tal carreira estável continuam crescendo. Entre
certames municipais, estaduais e nacionais com editais lançados, somam-se
24.472 vagas disponíveis para diferentes cargos e níveis de escolaridade.
A semana começa com a abertura das inscrições, com taxa de
R$ 120, para o concurso de auditor federal de controle externo do Tribunal de
Contas da União (TCU). Serão oferecidas 29 vagas para uma das funções mais
desejadas no Poder Legislativo. A prova, organizada pelo Centro de Seleção e de
Promoção de Eventos (Cespe), é bastante aguardada pelos concurseiros de nível
superior, atraídos pelo salário inicial de R$ 12.076,90.
No âmbito nacional, o menor salário oferecido é o de
auxiliar de laboratório
da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF): R$ 1.296,45.
As inscrições para a prova que selecionará somente três pessoas também começam
hoje. Em casos como o de procurador do Banco Central, a remuneração chega a R$
15.719,13. Os formados em direito interessados em uma das 15 cobiçadas
oportunidades têm até a próxima quinta-feira para garantir lugar na disputa.
Este mês, dois dos mais concorridos certames do país foram
lançados, o que têm agitado os cursinhos preparatórios. Na última sexta-feira,
iniciaram as inscrições para a prova que selecionará 263 novos técnicos e
analistas do Ministério Público da União (MPU), com salários de R$ 4.575,15 e
R$ 7.506,54, respectivamente. Já o Banco Central vai contratar 500 técnicos e
analistas, com remuneração de até R$ 14.289,24. As inscrições começam na
próxima quinta-feira.
Esforço
Professor de cursinho desde 2006, Cid Roberto destaca o
interesse dos candidatos pelo BC, e completa que a promessa de estabilidade e
os salários tentadores ainda são o que mais fascinam os alunos. “Para conseguir
isso, o jeito é estudar mesmo. Não adianta só dominar o conteúdo: tem de fazer
exercícios e revisar provas anteriores”, orienta ele, que leciona disciplinas
sobre operações bancárias e sobre o sistema financeiro nacional.
Iniciantes ou não, os concurseiros precisam montar
estratégias, reforça o professor. Isso inclui, além de mergulhar nos estudos em
si, repensar escolhas e redefinir a rotina, por mais que inevitáveis mudanças
impliquem sacrifícios. “É necessário, de fato, fazer um esforço muito grande.
Deixar de lado, ao menos por um momento, um pouco dos relacionamentos e da
própria diversão é o preço que se paga para conquistar a estabilidade”, comenta
Cid.
Há pouco mais de um ano, a enfermeira Paula Dominici, 27
anos, largou tudo para se dedicar exclusivamente aos concursos. Desde então,
fez algumas provas como teste e segue revezando a participação em aulas com
pelo menos seis horas por dia debruçada sobre livros e apostilas. “Estou em
busca do que quero: a estabilidade. É por ela que me esforço tanto”, afirmou,
enquanto revisava conteúdos em pleno domingo à tarde.
Paula quer um emprego público, mas não abre mão de trabalhar
na área de saúde e de ter um salário líquido de, no mínimo, R$ 5 mil. Com foco
bem ajustado, ela se prepara para a prova do MPU e aguarda a definição do
imbróglio em torno do concurso do Hospital Universitário de Brasília (HUB),
cujas inscrições foram suspensas pela Justiça, no fim de julho, por falhas no
edital. Ainda não há prazo para reabertura dos trâmites do certame, que tinha
prova marcada para 1º de setembro.
No início do mês, o Correio mostrou como constantes
irregularidades e fraudes aumentam a pressão e a ansiedade de quem almeja uma
vaga na administração pública. O Ministério Público Federal (MPF), a quem os
estudantes recorrem para manter a isonomia dos processos, contabiliza 1.946
investigações desse tipo em andamento, sendo que 499 casos já resultaram na
abertura de inquéritos policiais.
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