Agência Brasil
- 25/10/2013
Brasília – Os interessados em disputar uma das bolsas de estudo
que o Instituto Rio Branco e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq) concedem anualmente para financiar a preparação de
candidatos negros ao concurso público para ingresso na carreira de diplomata
têm até o dia 1º de novembro para fazer a inscrição. Estão em disputa, este
ano, 64 bolsas de R$ 25 mil.
A chamada Bolsa Prêmio de Vocação para a Diplomacia será
paga em dez parcelas ao longo do próximo ano para que os beneficiários possam
custear cursos preparatórios, professores particulares e material de estudo.
Também é permitido gastar até 30% da bolsa, R$ 625 mensais, com despesas de
manutenção pessoal, como aluguel, alimentação e transporte. A inscrição, que
pode ser feita pelo site do Cespe/UNB, tem taxa de R$ 90.
Realizado anualmente pelo Instituto Rio Branco, o concurso
de seleção de futuros diplomatas é um dos mais concorridos do país. Os 30
candidatos selecionados este ano vão ingressar no curso de formação na condição
de terceiro-secretário, recebendo um salário de R$ 13.623,19. O grau de
exigência das provas é considerado alto e a concorrência acirrada. É comum que
os interessados se dediquem exclusivamente aos estudos por vários anos, para
disputar uma seleção que envolve quatro fases distintas.
Bons cursos preparatórios chegam a custar cerca de R$ 2 mil
por uma única disciplina, como ocorre em um dos estabelecimentos mais
procurados, com unidades em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Se o
estudante se matricular nas sete disciplinas oferecidas, há desconto de 25%.
Por todas essas razões, a carreira diplomática costuma ser
apontada como elitista e acusada de não representar a diversidade social e
racial do país. Foi justamente para tentar “ampliar as oportunidades de acesso”
e “incentivar e apoiar o ingresso de afrodescendentes” que o Itamaraty, em
2002, último ano da gestão do então presidente Fernando Henrique Cardoso,
instituiu o programa de ação afirmativa da carreira e criou as bolsas.
Da sua criação até 2012, o programa destinou R$ 10,975
milhões para custear os estudos de 319 beneficiários da bolsa – valor que não
inclui gastos com passagens aéreas e hospedagem pagas a candidatos de outras
localidades aprovados para a segunda fase do processo de seleção, que ocorre
somente em Brasília. O valor da bolsa não é reajustado desde 2003.
Muitos dos 319 beneficiários foram contemplados em mais de
uma edição do programa, o que explica o total de 530 bolsas concedidas entre
2002 e 2012. Ainda assim, no período, apenas 19 bolsistas foram admitidos no
Instituto Rio Branco. Questionado pela reportagem, o Ministério das Relações
Exteriores não soube informar o total de diplomatas negros em atividade.
Na avaliação do Itamaraty, os resultados do programa são
positivos e diz que os números devem ser avaliados quando o desempenho de
bolsistas é comparado aos resultados obtidos por outros candidatos. Além de
custear os estudos dos beneficiados pela bolsa, o Instituto Rio Branco reserva
aos candidatos negros 10% das vagas na
primeira fase do concurso de admissão à carreira de diplomata, que tem quatro
etapas, no total.
A partir de 2011, o Instituto Rio Branco estabeleceu regras
condicionando a renovação da bolsa ao desempenho no concurso de seleção para
diplomatas. A primeira renovação do benefício é permitida a qualquer um, desde
que novamente aprovado no processo seletivo para concessão das bolsas. A partir
da segunda renovação, o candidato tem que ter chegado até determinada fase do
concurso de admissão de diplomatas.
A bolsa pode ser renovada até quatro vezes. O que significa
dizer que um candidato pode receber, ao longo de cinco anos, em valores atuais,
R$ 125 mil. O recurso só precisa ser devolvido se o beneficiário não se
inscrever para participar do concurso de admissão de diplomatas no ano em que
tenha recebido a bolsa. Cada candidato também tem que prestar contas de seus
gastos, sem o que, a liberação do benefício é suspensa até que a situação seja
regularizada.
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