Vera Batista e Ana Pompeo
Correio Braziliense
- 20/03/2014
Profissionais da educação e de outras carreiras do Executivo
pressionam o Ministério do Planejamento, mas o governo diz que não vai alterar
o acordo firmado em 2012
A Esplanada dos Ministérios foi palco, na manhã de ontem, de
mais um protesto de servidores contra a política de negociação de reajustes
salariais do governo. Cerca de 2,5 mil professores dos ensinos fundamental,
médio e superior e funcionários administrativos de escolas e universidades -
que estão acampados em Brasília desde a última segunda-feira - protestaram na
entrada do Congresso Nacional e ao Palácio do Planalto. Além disso,
aproximadamente 300 servidores do Poder Executivo fizeram um ato em frente à
sede do Ministério do Planejamento, no Bloco K. Por volta das 12h, os dois
grupos se encontraram e seguiram a pé até o Bloco C, também do Planejamento, na
tentativa de negociar com o secretário de Relações do Trabalho da pasta, Sérgio
Mendonça.
Os trabalhadores conseguiram uma reunião com a representante
do governo, mas, cerca de três horas depois, saíram frustrados da reunião.
Sérgio Ronaldo da Silva, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores no
Serviço Público Federal (Condsef) - que representa 80% do funcionalismo -,
garantiu que a pressão vai continuar até que o Planalto cumpra a promessa,
feita em 2012, de manter uma constante mesa de negociações com as categorias.
Além disso, os servidores reivindicam que a parcela de correção salarial de 5%
prevista para 2015 seja antecipada, sob a alegação de que o poder de compra
teve queda significativa com a alta da inflação no último ano.
"Mendonça reafirmou que não abre qualquer negociação
com impacto no orçamento. Apenas acenou com a possibilidade de reajustes de
benefícios sociais", reforçou Silva. Os sindicalistas agora vão exigir do
Planejamento um documento com as negativas às pautas, por escrito. O
acampamento de três dias dos profissionais da educação, liderado pela
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), tinha como objetivo
sensibilizar a presidente Dilma Rousseff e conseguir apoio para a votação
imediata do Plano Nacional de Educação (PNE), que destina 10% do Produto
Interno Bruto (PIB) ao setor e prevê plano de carreira e cumprimento integral
da lei do piso salarial do professor, que hoje vigora em apenas quatro unidades
da Federação: Distrito Federal, Acre, Tocantins e Ceará.
Portas fechadas
Os servidores se dizem abandonados pela presidente Dilma e
prometem dar uma resposta nas urnas. A CNTE vai protocolar um ofício pedindo
uma audiência com a chefe do Executivo. O presidente da entidade, Roberto Leão,
lamentou o fato de nunca ter sido ouvido por ela. "O ex-presidente Lula
nos recebeu três ou quatro vezes. Dilma nunca abriu o gabinete para o movimento
social da educação", reclamou.
O Planejamento disse, por meio da assessoria de imprensa,
que a reunião entre os funcionários públicos e Mendonça não estava marcada, mas
reiterou que, ainda assim, o secretário recebeu uma comissão. "O governo
manterá inalterado o acordo assinado em 2012 e em vigor até 2015",
reforçou a pasta. O Ministério da Educação também informou que "é indevida
a paralisação dos servidores, pois, em 2012, foi firmado acordo que tem
vigência até o próximo ano".
Trânsito interrompido
A Polícia Militar acompanhou as manifestações, e o trânsito
teve interrupções nas vias S1 e N1. Quando os manifestantes saíram em passeata,
por volta das 11h, quatro faixas do Eixo Monumental, no sentido Praça dos Três
Poderes, foram fechadas para garantir a segurança do grupo. As pistas foram
liberadas depois que todas as pessoas conseguiram se reunir no local. O tráfego
na via atrás do Congresso Nacional ficou totalmente suspenso por cerca de 15
minutos, provocando bastante congestionamento e irritação nos motoristas.