Agência Brasil
- 26/05/2014
Os servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) deram início hoje (26) a uma greve nacional “em defesa da
democracia interna e valorização do seu corpo funcional”, três dias antes de o
órgão - responsável pelas principais pesquisas do país – completar 78 anos de
fundação, na próxima quinta-feira (29).
Apesar da paralisação, que deve atingir em torno de 60% a
70% do seu corpo funcional até o fim da semana, segundo o Sindicato Nacional
dos Servidores do IBGE (Assibge), os três índices previstos para serem
publicados esta semana serão divulgados normalmente: o Produto Interno Bruto
(PIB, a soma de todos os bens e serviços produzidos no país), a Estatística do
Cadastro Central de Empresas e o Índice de Preços ao Produtor – Industria de
Transformação.
Na avaliação de uma das diretoras da Associação dos
Servidores do IBGE, Ana Magni, a greve já é uma realidade em praticamente todo
o país, embora ainda não seja possível fazer uma avaliação do grau de adesões
no Rio de Janeiro, uma vez que setores importantes como os da Avenida
Canabarro, no Maracanã, e o da Avenida Chile, sede administrativa do órgão,
ainda realizarão assembleias para discutir a paralisação.
“Importante ressaltar que não é uma greve por melhores
salários, mas de muito debate sobre o futuro da instituição. Nós não estamos em
uma campanha por melhorias salariais, mas sim em defesa do IBGE. Um instituto
fundamental para o planejamento público e privado do país. Nós acreditamos que
chegaremos ao final da semana com uma adesão entre 60% a 70% dos servidores”.
Segundo a diretora, São Paulo, Alagoas, Amazonas, Paraíba,
Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Amapá e as unidades de Parada
de Lucas, na zona norte, e Unidade Estadual do Rio de Janeiro, no Castelo, já
deliberaram e decidiram pela paralisação.
Procurado pela Agência Brasil, o IBGE informou que o
instituto se pronunciará oficialmente ainda hoje, quando a presidenta da órgão,
Wasmália Bivar, receberá a imprensa para entrevista.
A crise no IBGE iniciou-se com a suspensão da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), com maior
abrangência do mercado de trabalho que a Pesquisa Mensal de Emprego (PME).
A decisão gerou crise no IBGE e levou os funcionários às
ruas para cobrar a divulgação do calendário e a manutenção da metodologia da
pesquisa. Além da metodologia, a Associação dos Servidores do IBGE defendeu a
democratização da gestão do IBGE, a autonomia técnica da instituição, reajuste
salarial e a substituição do trabalho temporário pelo efetivo.
No último dia 5, o IBGE anunciou que o Conselho Diretor do
Instituto havia decidido, por unanimidade, manter o calendário inicial de
divulgação da Pnad Contínua e que a sua divulgação acontecerá no próximo dia 3,
conforme cronograma inicial.
A divulgação trimestral dos números da pesquisa fora
suspensa até o início de 2015 para adequá-la à legislação. Na ocasião, o IBGE
explicou que parlamentares tinham questionado a metodologia de cálculo da renda
domiciliar per capita da Pnad Contínua. As estimativas serviriam de base para o
rateio do Fundo de Participação dos Estados (FPE), conforme definido pela Lei
Complementar 143/2013.
Em entrevista coletiva, a ministra do Planejamento,
Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, chegou a defender a suspensão do
calendário de divulgação da pesquisa, alegando que o IBGE corria o risco de não
conseguir oferecer a qualidade necessária na divulgação dos dados da Pnad
Contínua.