quarta-feira, 4 de junho de 2014

Para Miriam Belchior, reajuste no IBGE está ´fora de questão´


Regina Alvarez
O Globo     -     04/06/2014




Ministra descarta piora no emprego com economia mais fraca

BRASÍLIA - A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, descartou ontem qualquer possibilidade de abertura de negociações com os servidores em greve do IBGE. Ao GLOBO, ela lembrou que a categoria fechou um acordo em 2012 que previa reajuste de 15,8% até 2015. E enfatizou que quem assinou sabia que uma nova discussão só ocorreria em 2015 .

- Esse parâmetro é para todo mundo que quer discutir a regra no meio do jogo. Tem acordo salarial feito, e o governo não abrirá negociação. Se abrir para uma categoria, terá que abrir para todas. Não há nenhuma margem para isso. Até porque está muito próximo o período em que é vetado qualquer reajuste para Servidores Públicos (pré-eleitoral) . Está fora de questão - afirmou a ministra.

Sobre o risco de a greve prejudicar as pesquisas do IBGE, inclusive a PNAD Contínua, que chegou a ser suspensa, mas foi retomada por pressão dos próprios funcionários e dirigentes do instituto, a ministra do Planejamento foi enfática:

- A orientação é para que sejam tomadas todas as medidas administrativas e legais para que as pesquisas não sofram solução de continuidade. Eles (os funcionários) reclamaram que a pesquisa (PNAD Contínua) não ia sair e agora fazem greve. Não vejo coerência - disse a ministra.

Ao comentar o resultado da PNAD Contínua, que apontou taxa de desemprego de 7,1% no primeiro trimestre, Miriam Belchior disse que o importante é que a pesquisa mostra que o desemprego está diminuindo e que o mercado de trabalho permanece robusto. Na comparação com o resultado do primeiro trimestre de 2013 (8%), houve queda no desemprego. Já em relação ao quarto trimestre de 2013 (6,2%), a taxa aumentou, mas a ministra considera que essa comparação não é adequada:

- O mercado de trabalho é sazonal. Não se pode comparar o quarto trimestre (2013) com o primeiro (2014), porque no primeiro os índices são sempre mais altos. Quando você compara a temperatura do verão é com a do verão passado, nunca com a do inverno, não é?

Ela observou ainda que se a comparação for com a taxa de desemprego anualizada, a tendência de queda se mantém.

- A média de 2014 é menor que a de 2013. Todos os indicadores estão mostrando isso. Continuamos criando muito emprego. São 4.100 empregos por dia no governo Dilma. A formalização é crescente, a qualidade das relações de trabalho melhorou, e a renda do trabalho está cada vez maior - afirmou.

Sobre a avaliação de analistas de que o desemprego deve crescer por conta da desaceleração da economia, a ministra disse que não concorda:

- Isso não vai acontecer. Há uma peculiaridade no mercado de trabalho no Brasil que tem a ver com uma série de políticas. Com a desoneração (da folha de salários), com a ampliação do Supersimples. Neste ano de eleição se criam mais vagas. E tem a Copa, que é um condão para a criação de mais empregos. Esse rumo de taxa de desemprego muito baixa é o que o país deve seguir. O meu horizonte é de continuidade desse processo.


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