Regina Alvarez
O Globo - 04/06/2014
Ministra descarta piora no emprego com economia mais fraca
BRASÍLIA - A ministra do Planejamento, Miriam Belchior,
descartou ontem qualquer possibilidade de abertura de negociações com os
servidores em greve do IBGE. Ao GLOBO, ela lembrou que a categoria fechou um
acordo em 2012 que previa reajuste de 15,8% até 2015. E enfatizou que quem
assinou sabia que uma nova discussão só ocorreria em 2015 .
- Esse parâmetro é para todo mundo que quer discutir a regra
no meio do jogo. Tem acordo salarial feito, e o governo não abrirá negociação.
Se abrir para uma categoria, terá que abrir para todas. Não há nenhuma margem
para isso. Até porque está muito próximo o período em que é vetado qualquer
reajuste para Servidores Públicos (pré-eleitoral) . Está fora de questão -
afirmou a ministra.
Sobre o risco de a greve prejudicar as pesquisas do IBGE,
inclusive a PNAD Contínua, que chegou a ser suspensa, mas foi retomada por
pressão dos próprios funcionários e dirigentes do instituto, a ministra do
Planejamento foi enfática:
- A orientação é para que sejam tomadas todas as medidas
administrativas e legais para que as pesquisas não sofram solução de
continuidade. Eles (os funcionários) reclamaram que a pesquisa (PNAD Contínua)
não ia sair e agora fazem greve. Não vejo coerência - disse a ministra.
Ao comentar o resultado da PNAD Contínua, que apontou taxa
de desemprego de 7,1% no primeiro trimestre, Miriam Belchior disse que o
importante é que a pesquisa mostra que o desemprego está diminuindo e que o
mercado de trabalho permanece robusto. Na comparação com o resultado do
primeiro trimestre de 2013 (8%), houve queda no desemprego. Já em relação ao
quarto trimestre de 2013 (6,2%), a taxa aumentou, mas a ministra considera que
essa comparação não é adequada:
- O mercado de trabalho é sazonal. Não se pode comparar o
quarto trimestre (2013) com o primeiro (2014), porque no primeiro os índices
são sempre mais altos. Quando você compara a temperatura do verão é com a do
verão passado, nunca com a do inverno, não é?
Ela observou ainda que se a comparação for com a taxa de
desemprego anualizada, a tendência de queda se mantém.
- A média de 2014 é menor que a de 2013. Todos os
indicadores estão mostrando isso. Continuamos criando muito emprego. São 4.100
empregos por dia no governo Dilma. A formalização é crescente, a qualidade das
relações de trabalho melhorou, e a renda do trabalho está cada vez maior -
afirmou.
Sobre a avaliação de analistas de que o desemprego deve
crescer por conta da desaceleração da economia, a ministra disse que não
concorda:
- Isso não vai acontecer. Há uma peculiaridade no mercado de
trabalho no Brasil que tem a ver com uma série de políticas. Com a desoneração
(da folha de salários), com a ampliação do Supersimples. Neste ano de eleição
se criam mais vagas. E tem a Copa, que é um condão para a criação de mais
empregos. Esse rumo de taxa de desemprego muito baixa é o que o país deve
seguir. O meu horizonte é de continuidade desse processo.