BSPF - 12/06/2014
BC tem hoje 23% menos funcionários do que nove anos atrás
O Banco Central enfrenta um "apagão" de
funcionários. Nos últimos nove anos, a instituição perdeu pouco menos de um
quarto do seu quadro atual de servidores.
Muitos técnicos do BC se aposentaram e não são substituídos.
Com as contas públicas deterioradas pelo excesso de gastos e pela queda na
arrecadação, o governo Dilma não tem espaço para reforçar as contratações.
Na semana passada, o BC recebeu 250 novos técnicos,
totalizando 4.140 servidores. Mesmo com o reforço, o banco tem hoje 952
funcionários menos que os 5.092 registrados em 2005 -queda de 23%.
O BC exerce algumas funções vitais para a economia, como
estabelecer a taxa de juros e fiscalizar os bancos. Seus funcionários precisam
ser altamente qualificados.
Segundo Daro Piffer, presidente do Sinal (Sindicato Nacional
dos Funcionários do Banco Central), o BC vem reduzindo sua área administrativa,
mas já há falta de funcionários para fiscalização.
Em nota enviada à reportagem, o BC informou que
"qualquer redução da força de trabalho implica risco de perda de
conhecimento" e "que vem racionalizando seus processos de forma
compatível com o efetivo de servidores que dispõe".
A legislação estabelece um quadro de 6.470 servidores para o
BC, mas esse número não é alcançado desde meados da década de 90.
Em 2005, o banco identificou um problema de evasão de
talentos, já que mais de 50% de sua força de trabalho teria direito a se
aposentar nos próximos cinco anos.
Foram realizados concursos, mas com número de funcionários
inferior ao necessário. Na última seleção, foram abertas 500 vagas, mas só 250
chegaram a ser contratados.
De acordo com o Ministério do Planejamento, isso ocorreu
"em razão da necessidade de contemplar o conjunto de demanda de todos os
órgãos, frente a disponibilidade orçamentária".
Dilma
Depois de uma forte redução da folha de pagamentos do
serviço público no governo FHC, o ex-presidente Lula contratou aproximadamente
100 mil servidores.
Dilma contratou outras 32 mil pessoas, mas sua folga fiscal
é menor. O próprio BC já afirmou várias vezes que o excesso de gastos dá
combustível para a inflação.
Segundo o economista Marcelo Caetano, do Ipea (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada), o problema hoje verificado no BC tende a se
generalizar, pois muitos servidores estão chegando perto da aposentadoria.
Pelas regras atuais, essas pessoas ainda têm direito a
aposentadoria integral, reduzindo a margem do governo para contratações.
Fonte: Folha de S. Paulo