BSPF - 31/05/2015
Brasília - O Banco
Central restringiu o acesso de funcionários à Internet para reduzir os gastos
em meio aos cortes orçamentários, após ter vedado mais cedo neste mês a
realização de viagens de treinamento por servidores até o fim de 2015.
Em aviso interno, ao qual a Reuters teve acesso, o chefe do
Departamento de Tecnologia da Informação (Deinf) do BC, Marcelo José Yared,
comunicou a alteração do acesso a sites externos, em especial aos que geram
consumo excessivo de banda de comunicação de dados. A medida passou a valer na
segunda-feira.
Segundo email que circulou na intranet do BC, as mudanças
ocorreram "em razão das restrições orçamentárias adotadas pelo banco e
visando a redução dos custos de TI".
Com as alterações, os funcionários não podem acessar livremente
sites e portais de notícias, mas apenas aqueles cujo conteúdo integral é
"de interesse do serviço". O acesso aos demais endereços, inclusive
seções de economia dentro de portais, por exemplo, ficou sujeito a uma cota de
tempo de 60 minutos por dia.
O presidente do sindicato dos funcionários do Banco Central
(Sinal), Daro Piffer, criticou a investida em nota, estimando uma economia
financeira pouco expressiva diante das responsabilidades do BC.
"Enquanto o mercado está aparelhado de sistemas e conta
com serviços de informação instantânea, o BC trabalha no escuro e corre atrás
do prejuízo", afirmou.
"Movimentações atípicas no sistema financeiro, boatos,
decisões de política de governo, ataque especulativo à moeda, todos esses
riscos são rastreados e identificados com base no conteúdo que trafega na
internet, inclusive em portais de notícia", completou.
Procurado, o BC não comentou o assunto.
No início deste mês, a autoridade monetária também vedou a
realização de viagens com propósito de treinamento, desenvolvimento e
aperfeiçoamento de pessoal, além de participação em reuniões custeadas pelo BC.
A regra não se aplica à presidência e diretoria da autarquia.
As restrições ocorrem enquanto o governo busca diminuir os
gastos da máquina pública para conseguir cumprir a meta de superávit primário
de 66,3 bilhões de reais no ano, ou 1,1 por cento do Produto Interno Bruto
(PIB).
Nos quatro primeiros meses de 2015, o resultado primário do
governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) ficou positivo em
14,593 bilhões de reais, o pior resultado para o período desde 2001.
Fonte: Reuters (Marcela Ayres)