Correio Braziliense
- 31/01/2016
Especialistas são unânimes em classificar como imoral o
pagamento de auxílio-moradia para carreiras vitalícias. "É uma aberração.
Primeiro que não se justifica a concessão a uma determinada categoria do setor
público. O auxílio-moradia, por sua natureza, ou é de caráter geral ou não tem
razão de ser. Não pode ser um benefício que se institua somente a uma categoria
de servidores", ataca o professor da Universidade de Brasília, o
economista Roberto Piscitelli. Fundador da ONG Contas Abertas, Gil Castello
Branco também é um crítico do benefício. "As pessoas querem criar
penduricalhos para ganhar mais. Mas esse penduricalho não é justo. Se essa
pessoa vem concursada ou para exercer um cargo que exercerá para o resto da
vida, não há razão para o benefício", afirma.
Carlos Azevedo defende o pagamento. "Pode-se discordar,
estamos numa democracia, mas, como está previsto em lei, tem que ter outra para
acabar", contou. Presidente Associação Nacional dos Procuradores da
República (ANPR), José Robalinho, destaca que a lei permite o pagamento
irrestrito, como acontece hoje. Além disso, faz parte das características da
profissão. "É uma forma de compensar, faz parte do pacote", disse.
"Professores ganham mal, mas têm uma quantidade de férias tão grande ou
maior que procuradores e juízes. Faz parte do pacote de cada uma das
carreiras." Se a lei for mudada, Robalinho garante que a categoria não se
mobilizará.