Correio Braziliense
- 26/06/2016
Renda por habitante na economia norte-americana é cinco
vezes mais elevada, mas servidores brasileiros dos poderes Legislativo e
Judiciário levam vantagem na remuneração
Os funcionários públicos brasileiros têm pouco o que
reclamar caso vejam a remuneração que recebem trabalhadores com a mesma função
no exterior. A comparação tornou-se mais fácil após a popularização de páginas
na internet com informações salariais sobre todas as profissões, como, por
exemplo, o site norte-americano PayScale (www.payscale.com). A robustez da
remuneração do funcionalismo no país pode ser notada em funções dos Três
Poderes. Mas, nos casos do Legislativo e do Judiciário, o contraste é ainda
maior. Isso ocorre apesar de os Estados Unidos terem renda por habitante cinco
vezes superior à brasileira.
“Não é à toa que os concursos são tão concorridos no
Brasil”, destaca o economista-chefe da Opus Investimentos, José Márcio Camargo,
professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Ele
explica que o poder de lobby dos funcionários públicos é muito forte no país.
“Eles tratam no dia a dia com os administradores eleitos, que dependem da
burocracia”, diz Camargo.
A confrontação dos valores não é trivial, porque, nos
Estados Unidos, a remuneração é apresentada por hora ou então pela soma do que
se recebe em um ano, enquanto no Brasil a referência para o salário é mensal.
Há também vantagens que são de difícil contabilização no caso dos brasileiros:
vale-refeição, que chega a R$ 700 mensais no Legislativo, e diversos tipos de
auxílio, ignorados na análise.
Em todos os Poderes, o funcionário pode também ter uma
função comissionada, em geral para os cargos de chefia, que não é levada em
conta na comparação. Tampouco são levados em conta os benefícios
previdenciários: funcionários públicos brasileiros que entraram por concurso anterior
a 2013 têm direito a aposentadoria integral. Os contratados depois disso, têm
um fundo de pensão no qual as contribuições são altamente subsidiadas. Nos
Estados Unidos, inexiste padrão: cada órgão tem um fundo de pensão específico”.
Outra peculiaridade brasileira é a estabilidade no emprego, que não existe nos
EUA.