BSPF - 25/06/2016
Quem precisou de empréstimo consignado ficou indignado.
Associação diz que vai pedir indenização para a União.
Além de roubar funcionários públicos endividados que
buscavam o crédito consignado, a Consist também cobrava taxas acima do valor de
mercado nas mensalidades de associações de servidores.Surpreso e indignado. Foi assim que Carlos de Souza ficou ao
saber do esquema de corrupção nos empréstimos consignados, revelado na
quinta-feira (23) por procuradores e policiais federais.
Técnico do INSS há 21 anos, ele conta que sempre recorreu a
essa modalidade de empréstimo como um adicional ao salário.
“Hoje a gente olha tudo isso aí, assim de pouquinho em
pouquinho, embora para nos seja pouco, isso no final da um montante gigantesco,
e hoje a gente se sente lesado. É complicado”, diz.
O presidente da Associação dos Auditores da Receita Federal,
que tem dez mil associados, disse que, em 2010, o Ministério do Planejamento
justificou a contratação da empresa Consist para cuidar dos consignados
alegando que o objetivo era evitar fraudes.
“Havia muitos casos de reclamações de consignações indevidas
e por isso essa foi a alegação para criar essa figura dessa empresa que faria
essa intermediação”, disse o presidente da Unafisco, Kleber Cabral.
Conversando com o pessoal da Unafisco, a gente se deparou
com uma outra atividade, no mínimo suspeita, da Consist. Assim como no caso do
empréstimo consignado, em 2010 o Ministério do Planejamento informou às
associações de classe dos servidores federais, e elas são várias, que a partir
daquele instante elas não poderiam mais cobrar as mensalidades dos associados
diretamente do contracheque dos servidores. E que esse serviço teria que ser
feito a partir de 2010 pela Consist. E realmente foi feito, entre 2010 e 2015.
O detalhe é que a Consist cobrava R$ 0,95 por mês de cada associado para fazer
isso. E o Serpro, que substituiu a Consist quando ela foi afastada em 2015,
está cobrando R$ 0,13 pelo mesmo serviço.
Ou seja, há uma diferença de R$ 0,82 centavos por mês para
fazer o mesmo serviço.
“Então, para uma entidade do nosso porte, gerava um custo
mensal de R$ 10 mil. Ao longo de cinco anos, a gente está levantando as contas
agora, mas é algo por volta de R$ 500 mil. Vamos pedir uma indenização contra a
União, que ela é responsável por toda essa condução do processo, contra a
Consist e contra os operadores do esquema”, afirmou Kleber Cabral.
Fonte: G1