BSPF - 04/06/2016
O governo interino do presidente Michel Temer e a base
política que o sustenta no Congresso Nacional sofrem forte desgaste neste
início de junho por causa da aprovação do pacote de reposição salarial de
servidores públicos federais, com destaque para o Judiciário.
Ideólogos de esquerda e de direita juntaram suas vozes para
críticas contundentes. Massacraram mais os parlamentares do que o Executivo. O
lulopetismo alveja com toda a veemência o governo Temer. Os liberais cobram
coerência de Temer, mergulhado no comando da grave crise com R$ 170 bilhões de
rombo nas contas públicas.
A polêmica matéria comporta várias leituras. A primeira: no
geral, a reposição é justa e resulta de amplo acordo. Trata-se, na realidade,
de reposição salarial de categorias há anos com os salários congelados. A
segunda: os recursos estão previstos no orçamento de 2016. Terceira: a
reposição do Judiciário vem sendo tratada pelo governo da presidente afastada
Dilma Rousseff e sua base parlamentar desde 2014. Quarta: Dilma e seus líderes
no parlamento assumiram compromisso de aprovação.
Os petistas reagiram porque apostavam no ajuste fiscal e
queriam a rejeição dos projetos. Neste caso, dezenas de categorias de
servidores com salários estrangulados deflagrariam sucessivas greves,
inviabilizando o atual governo. A pauta-bomba foi deixada com estopim aceso por
Dilma Rousseff e está explodindo no colo de Michel Temer.
A aprovação tem, assim, dois efeitos imediatos: faz justiça
aos servidores com salários congelados, esvaziando movimentos grevistas; e
neutraliza no Congresso qualquer proposta de aumento de impostos.
Fonte: Jornal de Santa Catarina (Moacir Pereira)