BSPF - 08/09/2016
Modalidade criada para ser uma facilidade por ter juros mais
baixos pode ser uma armadilha se o consumidor acumular prestações demais
O empréstimo com desconto em folha, chamado de consignado, é
a opção mais barata entre os produtos financeiros disponíveis, mas é preciso
cuidado para não transformar uma facilidade em problema. Mesmo sendo uma
operação com taxas mais baixas, planejamento é essencial antes de contratar o
empréstimo.
Para ajudar na tomada de decisão antes de contratar esse
tipo de operação, o Portal Brasil conversou com especialistas e pegou algumas
dicas. Duas estão entre as mais importantes: evite acumular prestações e
empréstimos consignados; e não comprometa mais de 25% do salário com essa
operação.
Essas duas dicas servem também de alerta. Os juros baixos e
a facilidade de acesso a essa linha de crédito acaba levando as pessoas a
fazerem uma série de operações seguidas, sem calcular se aquele volume de
prestações cabe no orçamento e, sem perceber, o cliente acaba superendividado,
com a maior parte da renda comprometida com o consignado.
“O consignado era para tirar a demanda de consumo
inconsciente, só que ele passou a ser mais um produto no mercado”, ponderou
Ronalde Lins, economista do Conselho Federal de Economia (Cofecon). “Atualmente, 88% dos servidores em Brasília estão
endividados ou superendividados com o consignado. Em alguns casos, ele toma
praticamente todo o salário da pessoa com essa operação financeira”, relatou.
Como funciona o crédito consignado
Como não existe um boleto ou uma fatura, algumas pessoas
contratam o consignado e esquecem de acompanhar mensalmente os descontos na
folha de pagamento. Depois de algum tempo, acabam fazendo novas operações sem
sequer checar se há espaço para novos empréstimos.
O especialista ainda explicou que o empréstimo consignado
vai descontar as prestações diretamente do seu salário, ou seja, ele vai ficar
menor durante o período de parcelamento da dívida. Por isso, é preciso evitar
fazer novas prestações até quitar a operação para não comprometer o orçamento.
“Tem de planejar para não cair nas armadilhas do grande
consignado. Algumas famílias têm até dez empréstimos no consignado, e isso é
preocupante porque toma todo o orçamento familiar”, afirmou Lins.
Como usar o crédito consignado
O ideal é não usar essa linha apenas para consumo ou gastos
supérfluos. Pegar o empréstimo consignado para quitar operações mais caras,
como o rotativo do cartão de crédito ou o cheque especial, cujas taxas podem
superar os 300% ao ano, é uma boa estratégia – neste caso o consignado é usado
para trocar uma dívida cara por outra mais barata.
A recomendação é não comprometer mais de 25% da renda com o
crédito consignado. No entanto, se você chegou a esse limite, um sinal de
alerta está aceso, e se as contas estiverem apertadas demais, renegociar essas
dívidas pode ser a melhor opção para evitar inadimplência e mais complicações.
Fonte: Portal Brasil