BSPF - 21/08/2017
Brasília - O plano de reestruturação das carreiras do poder
Executivo proposto pelo governo pode fazer com que os servidores passem a levar
até 30 anos para atingir os salários mais altos. Segundo dados do Ministério do
Planejamento, uma pessoa começa hoje a carreira de gestor governamental com um
salário inicial de R$ 16.933,64. Em apenas seis anos, os vencimentos desse
servidor podem atingir R$ 20.521,98. O topo da carreira chega aos 13 anos de
serviço: R$ 24.142,66.
Já pelo plano proposto, o salário inicial seria bem mais
baixo, de R$ 5 mil, e só se atingiria o salário mais elevado após 30 anos. A
gradação seria mais lenta e o salário de R$ 20.521,98 só seria obtido após um
período de 23 anos. A expectativa com essa medida é dar aos cofres públicos uma
economia de R$ 18,6 bilhões em cinco anos.
Segundo os técnicos da área econômica, a rapidez com que os
funcionários públicos chegam ao topo da carreira traz uma série de dificuldades
para o fechamento das contas. Além de os salários iniciais serem elevados, os
servidores que atingem os vencimentos mais altos passam a exercer pressão por
reajustes mais altos. As negociações com o governo passam a ser a única forma
de aumentar a remuneração.
— Fica mais difícil (para o governo) a negociação salarial
quando o servidor chega logo ao topo. Só assim ele poderá ganhar mais — afirmou
um técnico do governo.
Embora o pacote da equipe econômica inclua limitar o salário
inicial do serviço público em R$ 5 mil, esse não será o valor para todas as
categorias. Já há um entendimento dentro do Ministério do Planejamento que, em
algumas carreiras, esse valor é muito baixo. Isso inclui, por exemplo,
delegados, médicos e professores universitários. Nestes casos, explicam os
técnicos, os salários iniciais poderiam ser mais altos, mas alinhados com o que
ocorre no setor privado.
— O parâmetro será o mercado — explicou um técnico da equipe
econômica.
O governo quer ainda mudar o critério de análise de
eficiência dos servidores. Os integrantes do governo lembram que hoje o serviço
público tem um programa de avaliação de desempenho, mas ele é falho. Um dos
problemas é que a avaliação prevê que qualquer funcionário já receba de partida
80% de preenchimento dos critérios previstos:
— Isso significa que a avaliação hoje não funciona. A pessoa
já tem 80% de partida. O critério tem ser mais próximo do utilizado pelo setor
privado — disse o técnico.
(Martha Beck - O Globo)
Fonte: Jornal Extra