A Tarde - 21/11/2017
Uma das sugestões mais duras do Banco Mundial para ajustar
as contas do governo, o congelamento de salários dos servidores, já é uma
ameaça concreta a esse grupo de trabalhadores, segundo avaliou o
secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais, Oton Neves.
"Mas é uma medida impossível, porque significa a destruição completa do
serviço público, que já não é bom", afirmou. "É o governo virar as
costas para o povo."
Segundo o sindicalista, a regra que estabeleceu um teto para
o crescimento dos gastos públicos e a Medida Provisória (MP) 805 configuram, na
prática, um congelamento salarial. A norma do teto prevê uma série de medidas a
serem adotadas pelo governo caso as despesas fiquem superiores ao permitido. A
mais rigorosa é justamente o congelamento da folha do governo. Já a MP 805
prevê o adiamento, para 2018, de reajustes salariais que seriam concedidos este
ano. "O servidor está hoje sob um ataque brutal", comentou o
sindicalista.
O relatório do Banco Mundial diz que os servidores públicos
federais brasileiros ganham 67% a mais do que trabalhadores de perfil
semelhante no setor privado. Essa diferença é a maior encontrada nos 53 países
pesquisados pelo organismo. A tendência geral é um diferencial de 17%.
Mas, para o sindicalista, essa não é a realidade da maior
parte dos servidores públicos, e, sim, de uma minoria que tem, de fato,
salários maiores. "Tem algumas carreiras que têm a remuneração bastante
razoável, mas para a grande maioria dos servidores do Executivo o salário é bem
inferior", disse Neves.
Divulgado nesta terça-feira, 21, o relatório "Um ajuste
justo - propostas para aumentar eficiência e equidade do gasto público no
Brasil" propõe que a diferença salarial entre os servidores e os
trabalhadores na iniciativa privada seja reduzida à metade. O trabalho analisa
os gastos públicos no Brasil e sugere medidas para cortar despesas sem prejudicar
a parcela mais pobre da população.
(Estadão Conteúdo)