BSPF - 21/04/2018
Washington - O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou
neste sábado que o governo estuda adiar o reajuste salarial de servidores
públicos do próximo ano para enfrentar o quadro fiscal de 2019, mas ressaltou
que a decisão somente será tomada mais à frente.
“2019 tem desafio (fiscal) e esta é uma alternativa”,
afirmou Guardia a jornalistas durante eventos do Fundo Monetário Internacional
(FMI) em Washington, acrescentando que a decisão final somente será tomada em agosto,
quando o governo tem de encaminhar ao Congresso o Orçamento do próximo ano.
O governo já informou que há déficit em 2019 de 254,3
bilhões de reais para o cumprimento da regra de ouro fiscal, que impede
endividamento para pagar despesas correntes, como salários.
Guardia afirmou ainda que existem outras alternativas para
ajudar a equilibrar as contas públicas no próximo ano, como a reoneração da
folha de pagamentos, mas que precisará de aprovação do Congresso Nacional.
O ministro da Fazenda defendeu de novo a reforma da
Previdência e afirmou que a atual diretriz de política econômica encaminhada
pelo governo do presidente Michel Temer dificilmente será desviada pelo novo
presidente que surgir das eleições de outubro.
“A realidade vai se impor de maneira tão clara, que eu acho
difícil alguém se desviar das reformas que estamos colocando... independente do
que se diga em campanha”, afirmou ele.
Guardia disse ainda que, nos encontros com dirigentes de
outras economias, foram discutidos diversos pontos, como a abertura comercial
como instrumento “muito importante” para aumentar o crescimento potencial dos
países e discussões sobre protecionismo.
Ele, no entanto, não quis comentar sobre as ameaças de
tarifas comerciais entre os Estados Unidos e a China, que podem desencadear uma
guerra comercial global.
Guardia disse ainda que o momento é “bastante positivo” no
mundo, com baixo risco no curto prazo, abrindo uma janela de oportunidade para
que os países avancem para reforçar os fundamentos de suas economias.
“No médio prazo, pode ter cenário de reversão cíclica”,
afirmou ele, acrescentando que a principal vulnerabilidade da economia mundial
foi o crescimento da dívida pública e privada no últimos anos e que, por isso,
existe preocupação com a sustentabilidade da dívida em momento de juros em
alta.
Por Rodrigo Campos
Fonte: Reuters