Blog do Josias - 11/08/2018
Sem alarde, deputados e senadores tramam adicionar aos seus
próprios contracheques o reajuste salarial de 16,38% reivindicado pelo Supremo
e pelo Ministério Público Federal. Com isso, a remuneração dos congressistas
também saltaria dos atuais R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil. A ideia é votar o
pacote no final do ano, depois das eleições de outubro, para entrar em vigor a
partir de 2019.
O tema, por impopular, é discutido longe dos refletores. O
blog conversou com dois líderes partidários — um da Câmara, outro do Senado. Só
concordaram em conversar, na noite desta sexta-feira, sob a condição do
anonimato. Disseram que não há, por ora, uma decisão categórica. Falta consenso.
Mas reconheceram que não são negligenciáveis as chances de aprovação dos
reajustes.
Um dos líderes atribuiu o surto sindical ao Supremo, que
decidiu incluir em sua proposta de Orçamento para 2019 o reajuste de 16,38%.
Nessa versão, o Congresso não estaria senão reagindo, para evitar que os
parlamentares recebam salário inferior ao dos ministros do Supremo, teto
remuneratório do serviço público.
O outro líder insinuou que, na verdade, caciques políticos e
magistrados da Suprema Corte discutem em segredo a a pauta salarial há semanas.
Seja qual for a hipótese verdadeira, a falta de transparência dará à eventual
aprovação do pacote salarial de fim de ano uma aparência de emboscada contra o
eleitor.
Num instante em que a principal ferramenta do Tesouro é a
tesoura, a movimentação parece inconsequente. Considerando-se que mais de 13
milhões de brasileiros estão no olho da rua, a irresponsabilidade fiscal passa
a ser o outro nome de escárnio.