Correio Braziliense
- 27/09/2018
Segundo o Banco Central, o saldo das pendências cresce a
cada mês
Mesmo com a tentativa do governo federal de adiar o reajuste
salarial dos servidores de 2019 para 2020, os funcionários públicos estão
ampliando as dívidas com o crédito consignado. Segundo o Banco Central, o saldo
das pendências destes trabalhadores cresce a cada mês. O volume subiu R$ 7,6
bilhões em 2018, contabilizando R$ 182,3 bilhões em agosto. Os aposentados e
pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) também veem as
dívidas subirem, somando R$ 9,5 bilhões entre janeiro e agosto.
Os beneficiários do INSS registraram dívida de R$ 125,6
bilhões em agosto com a operação. Segundo especialistas, com o desemprego ainda
elevado, os aposentados adquirem o crédito consignado para ajudar os filhos, já
que as condições de juros são menores. Apesar da expansão da dívida, a taxa de
inadimplência nessas modalidades estão controladas em 2018. Segundo o Banco
Central, o índice se manteve estável ou caiu neste ano.
De modo geral, o saldo dos créditos com recursos livres subiu,
sinalizando recuperação dos financiamentos. O volume de operações chegou a R$
1,66 trilhão em agosto, contabilizando alta de 5% no ano. A economista Isabela
Tavares, analista da Tendências Consultoria, destacou que o mercado de
empréstimo está em expansão, apesar de ter perdido força nos últimos meses. “O
aumento das incertezas relacionadas à economia e ao período eleitoral tem
enfraquecido a retomada do crédito, mas podemos ver que há redução das taxas de
juros e inadimplência”, disse.
Relatório do Banco Mitsubishi também demonstra que, apesar
das tensões políticas, nota-se ainda uma expansão mensal moderada do crédito
nos últimos 12 meses. “O crédito a pessoas físicas vem crescendo, influenciado
pelo aumento gradual do poder de compra da população e pelas taxas de juros
mais baixas, embora a taxa de desemprego ainda alta e o nível de endividamento
inibam a expansão adicional do crédito às famílias”, destacou.
As taxas de juros ficaram estáveis em agosto, influenciadas
pela estabilidade dos emcargos dos recursos direcionados — aqueles são aqueles
destinados a determinados setores ou atividades, realizados com recursos
regulados em lei ou normativo. A taxa média geral estabilizou-se em 24,5% ao
ano — 15,9% ao ano para pessoas jurídicas e 30,4% ao ano para pessoas físicas.
Os recursos direcionados estabilizaram-se em 8,4% ao ano, enquanto os livres
(aqueles negociados no mercado) tiveram leve queda de 0,1 ponto percentual,
saindo de 38,1% para 38% ao ano.
Os juros do cheque especial ficaram estáveis, com custo de
303,2% ao ano. As taxas do rotativo do cartão de crédito subiram, saindo de
271,4% para 274% ao ano.
Por Hamilton Ferrari