Blog do Vicente
- 15/10/2018
Com a eleição entrando em sua reta final e as pesquisas de
intenção de votos apontando para uma eventual vitória de Jair Bolsonaro (PSL) —
ele está com 59% dos votos válidos, contra 41% de Fernando Haddad (PT) —
integrantes da equipe econômica de Michel Temer já se movimentam para garantir
um espaço no próximo governo.
As movimentações são explícitas, sobretudo, no Ministério da
Fazenda, no Planejamento e na Agricultura, além de estatais como o Banco do
Brasil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Além
de garantirem os polpudos contracheques, os técnicos garantem que compartilham
do programa econômico de Bolsonaro.
Vários dos que pretendem continuar no governo já estiveram
com Paulo Guedes, que será uma espécie de superministro do capitão da reserva,
ou com interlocutores dele. A lista inclui, por exemplo, o secretário do
Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, que já foi citado por Bolsonaro como um
técnico de primeira linha; a secretária executiva da Fazenda, Ana Paula
Vescovi; e o assessor especial da Fazenda Marcos Mendes, esse, um dos mais
entusiasmados com a possibilidade de continuar na equipe econômica.
Oficialmente, Bolsonaro só convidou, para sua equipe, o
presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, que ainda não respondeu se aceita
ou não permanecer no cargo a partir de janeiro de 2019. Também pode continuar
na função, por pelo menos mais um ano, o presidente do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Dyogo Oliveira. Se convidado para
continuar onde está ou mesmo se for deslocado para outra função, o presidente
do Banco do Brasil, Paulo Rogério Caffarelli, também não se furtará em dizer
sim.
No Ministério da Agricultura, o atual secretário executivo,
Eumar Novacki, entrou no páreo para ser alçado ao superministério projetado por
Bolsonaro, que incorporará o Meio Ambiente. Num primeiro momento, aventou-se
que o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antônio Nabhan, já
estaria certo para comandar a Pasta. Mas o racha entre os ruralistas abriu as
portas para Novacki sonhar. A Frente Parlamentar da Agricultura e a
Confederação Nacional da Agricultura (CNA) entraram no páreo para indicar o
ministro.
O certo é que, até bem pouco tempo visto como uma grande
aventura no escuro, Bolsonaro passou a comandar corações e mentes de
integrantes da equipe econômica, que alegam confiar em Paulo Guedes para levar
adiante as reformas que o governo de Temer não conseguiu fazer. É lógico que,
por trás desse discurso, está o desejo de manter os contracheques e o prestígio
que os cargos dão.