Congresso em Foco
- 19/02/2019
O Ministério da Economia nomeou, na última quarta-feira
(13), cinco coronéis do Exército para cargos-chave na Secretaria do Patrimônio
da União (SPU). O órgão administra mais de 688 mil imóveis públicos que valem,
juntos, cerca de R$ 1 trilhão.
Militares têm força crescente no governo Bolsonaro. Além de
oito ministérios – número alcançado ontem com a confirmação do general Floriano
Peixoto para a Secretaria-Geral da Presidência no lugar de Gustavo Bebianno –,
a tropa saída das Forças Armadas para o governo tem ainda o vice-presidente
Hamilton Mourão e o comando de estatais como Correios, Petrobras e Itaipu
Binacional.
Eles também ocupam vários postos de comando do segundo
escalão em ministérios naturalmente ligados à área, como Defesa e Gabinete de
Segurança Institucional (GSI), mas também em outros como Ciência e Tecnologia e
a própria Secretaria-Geral da Presidência. Na pasta da Justiça e Segurança
Pública, do ministro Sérgio Moro, os dois postos mais altos da área de
segurança pública foram confiados a militares.
Na SPU, os egressos do Exército assumiram as
superintendências estaduais no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Maranhão e Rio
Grande do Sul. A chefia do órgão também é exercida, de forma interina, por um
militar: coronel Mauro Benedito de Santana Filho, que passou para a reserva
remunerada em janeiro do ano passado.
Os coronéis que assumem as superintendências estaduais são
José Ribamar Monteiro Segundo (Maranhão) Paulo da Silva Medeiros (Rio de
Janeiro), Gladstone Themóteo Menezes Brito da Silva (Rio Grande do Sul),
Eduardo Santos Barroso (São Paulo) e Salomão José de Santana (Bahia).
Novo superintendente da SPU no Maranhão, o coronel da
reserva José Monteiro foi pré-candidato ao governo maranhense em 2018. Coronel
Monteiro, como era conhecido, tentou colar seu nome ao de Bolsonaro, mas o PSL
acabou tendo candidatura própria no estado e o projeto do militar, então
filiado ao pequeno PHS, não se viabilizou.
Em seu perfil no Facebook, Monteiro compartilhou um texto em
que nega que tenha havido influência política em sua nomeação à SPU. "Não
fui indicado por político algum, não fiquei cavando espaço no governo. Fui
convidado a primeira vez, disse que não queria assumir, mas depois o Coronel Mauro
[chefe interino do órgão] me telefonou e disse que essa era uma missão que
estava sendo confiada a mim pelo presidente”, declarou o militar.
Meritocracia e vácuo de poder
Procurado pelo Congresso em Foco, o Ministério da Economia
afirmou em nota que a escolha "foi baseada em critérios estritamente
técnicos e de meritocracia". Segundo a pasta, todos os cinco coronéis
"têm larga experiência" na gestão de imóveis públicos em seus estados
de origem.
"Cabe ressaltar que o Exército tem reconhecido know how
na gestão do patrimônio público, alcançando índices de excelência e referência
em todo o território brasileiro", completa a assessoria.
A SPU atravessa um vácuo de poder: o antigo secretário,
Sidrack Correia, foi exonerado no dia 16 de janeiro. Seis dias antes, Correia
havia determinado que as vagas em cargos em comissão da SPU deveriam ser
“preferencialmente” preenchidas por servidores que já atuavam no órgão.
A medida contrariou a orientação do ministro-chefe da Casa
Civil, Onyx Lorenzoni, de fazer um "pente fino" na administração
federal para exonerar funcionários comissionados ligados a gestões passadas,
especialmente do PT.
No desdobramento, o coronel Santana Filho foi nomeado
secretário-adjunto, em 6 de fevereiro, e, na sequência, no último dia 15, chefe
interino da SPU. Segundo o Ministério da Economia, "a nomeação do titular
será publicada em breve".
Por Rafael Neves