domingo, 9 de junho de 2019

Fixação de data-base para servidor federal deve ser votada pelo STF na quinta-feira


Jornal Extra     -     09/06/2019




O Supremo Tribunal Federal (STF) pode decidir, nesta semana, uma ação que tramita há 12 anos no Judiciário e pretende garantir um direito aos servidores: a criação de uma data-base para o reajuste anual dos salários, sem distinção entre civis e militares. O julgamento está marcado para quinta-feira, dia 13.

Apesar do direito à revisão anual dos pagamentos ser garantido pela Constituição Federal, não há regulamentação em lei sobre qual deveria ser a data de concessão desse aumento. O recurso que está em julgamento no Supremo pode estipular um calendário único para todos os funcionários públicos federais, em princípio, e também para os servidores estaduais e municipais, por jurisprudência (a decisão do STF poderia ter um efeito-cascata sobre ações pleiteando o mesmo direito em outras esferas). 

Em 2014, o julgamento foi suspenso porque o ministro Dias Toffoli pediu vistas. À época, quatro ministros foram contrários à ação. O relator do recurso, Marco Aurélio Mello, foi favorável e propôs repercussão geral para o caso. O EXTRA conversou com representantes de entidades que acompanham de perto cada etapa do processo e tiveram uma reunião com Toffoli.

‘Falta de regra faz servidor perder poder aquisitivo’

A coordenadora da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Fenajufe), Lucena Martins, diz que sem a data-base, o servidor fica dependendo de um plano de cargos e salários, que não é elaborado pelos administradores públicos. “O salário fica defasado em relação à inflação. Então, o trabalhador perde o poder aquisitivo, e isso enfraquece a economia. A maior parte dos servidores federais ganha até quatro salários mínimos (R$ 3.992), e eles vão consumir menos”, disse Lucena.

Segundo Rudnei Marques, presidente do Fórum Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), historicamente, governo e entidades de classes negociam os reajustes, “mas isso é ruim para os dois lados porque, em geral, a greve acontece antes da negociação”. Para ele, o trabalhador vive um cenário de incerteza, e o prejuízo tem reflexos para a população, por conta da prestação do serviço público. “Sabemos que o país está numa situação fiscal difícil, mas com a data-base, a negociação por reajuste poderá ser mais fácil quando a economia voltar a melhorar”, completou.

O secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Sérgio Ronaldo da Silva, acredita que até os ministros do STF que já votaram contra a fixação de uma data-base para o funcionalismo federal (o placar está em 4 a 0, de um total de 11 votos possíveis) poderão modificar suas decisões: “O servidor pode ficar com os vencimentos congelados por 20 anos (por conta da Emenda 95, que congelou o teto de gastos), e não temos a quem recorrer mais. Distribuímos um documento na tentativa de sensibilizar todos os ministros”.

Advocacia-Geral da União se manifesta contra

Por meio de nota, a Advocacia-Geral da União (AGU) — que defende os interesses do governo federal em ações contra fundações, autarquias e órgãos públicos — informou que é contrária à fixação da data-base para os servidores. Entre os motivos citados, está a dificuldade de manter o equilíbrio fiscal porque a decisão terá repercussão para todos o funcionalismo e “por ser a despesa com pessoal um dos elementos determinantes nessa conta”.

Por Camilla Pontes


Share This

Pellentesque vitae lectus in mauris sollicitudin ornare sit amet eget ligula. Donec pharetra, arcu eu consectetur semper, est nulla sodales risus, vel efficitur orci justo quis tellus. Phasellus sit amet est pharetra