domingo, 21 de julho de 2019

Quais serão os impactos do fim dos concursos no funcionalismo público?


Exame     -     21/07/2019




Mês passado, o governo anunciou o fim dos concursos para o Executivo Federal. Os impactos da decisão afetam quem já é e quem quer se tornar servidor

No começo de junho, uma notícia caiu como uma bomba para quem sonha em fazer carreira pública: a suspensão dos concursos do Executivo Federal.

A decisão foi anunciada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, durante uma audiência na Câmara dos Deputados em que debatia os impactos econômicos e financeiros da aprovação da proposta de reforma da Previdência.

O economista afirmou que, em gestões anteriores, houve excesso de contratações, acompanhado de aumento de salários. Esses dois elementos, segundo ele, prejudicaram as contas governamentais. A suspensão dos concursos, ao lado da aposentadoria dos servidores, diminuiria o inchaço da máquina pública.

Segundo o ministro, “40% dos funcionários públicos devem se aposentar nos próximos cinco anos. Não precisa demitir, não precisa fazer nada. Basta desacelerar as entradas, que vai acontecer naturalmente”.

Não à toa, o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2020, entregue em abril pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), não prevê a realização de concursos públicos do Executivo Federal — estados, municípios e os Poderes Judiciário e Legislativo continuam podendo aplicar provas para contratar novos servidores.

Em tramitação no Congresso Nacional, até a publicação desta reportagem a proposta ainda não havia sido aprovada pelos deputados. Mas uma medida já foi tomada pelo governo, com o decreto que atrela a autorização dos concursos ao aval do Ministério da Economia.

Em nota enviada a VOCÊ S/A, a Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal, ligada à Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, assegurou que não há previsão de autorizações de concursos em 2019. A regra é trabalhar com os recursos disponíveis.

“Os cidadãos não serão prejudicados. O governo utilizará ferramentas, como a Portaria no 193, para movimentar servidores e levar profissionais para as áreas que mais necessitam”, diz a nota.

Apenas oito concursos do Executivo Federal deverão ocorrer neste ano, pois haviam sido autorizados no ano passado durante o governo de Michel Temer — juntos, vão gerar 1 174 vagas.

Além disso, há dois editais específicos para o Censo 2020 que vão recrutar 234 816 temporários para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A tentativa de diminuir a máquina pública não é nova. Em 2015, o governo Dilma Rousseff (PT) propôs suspender todos os editais em andamento no setor federal, como forma de economizar 26 bilhões de reais no orçamento de 2016.

Prêmio salarial

Para entender o impacto dos servidores nas contas do país, é preciso se debruçar sobre alguns dados. Um deles é o que mede a quantidade desses profissionais no Brasil.

De acordo com a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), em abril deste ano, 12,42% do total de trabalhadores ativos está na vida pública — o que representa 11,462 milhões de pessoas. Em números absolutos, a quantidade de servidores no país é uma das menores do mundo.

De acordo com o relatório Government at a Glance, da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o índice de brasileiros que vivem do funcionalismo é inferior à média dos países que compõem a OCDE, que é de 21%. Para exemplificar, nações como Dinamarca e Noruega têm mais de um terço da população na vida pública (veja quadro “Servidores pelo mundo”).

Para os especialistas, o problema não está no número de pessoas que trabalham servindo ao Estado. A questão perpassa por outros fatores. O primeiro deles é a falta de...



Share This

Pellentesque vitae lectus in mauris sollicitudin ornare sit amet eget ligula. Donec pharetra, arcu eu consectetur semper, est nulla sodales risus, vel efficitur orci justo quis tellus. Phasellus sit amet est pharetra