BSPF - 16/09/2019
Sobre as reclamações de servidores contra o clube de descontos
criado pela União, em agosto, Ana Carolina Dal Ben, afirma que a administração
pública não passará dados sigilosos dos funcionários e que quem não se sentir
seguro – ou tiver proteção constitucional de sigilo – não deve aderir.
Os servidores das áreas de segurança, fiscalização e
controle afirmam que suas informações pessoais correm risco. Falam que a medida
acarretará custo maior para eles, porque clubes de vantagens exigem um
percentual mensal de desembolso das entidades de classe. Se o clube vai sair de
graça para o governo, a empresa não vai ter interesse em dar qualquer
benefício.
O servidor é inteligente. Está sempre comparando preços
entre os clubes de desconto. Se um não oferecer desconto, ele vai parar de
usar, fazer reclamações e eventualmente causar um descredenciamento. O clube de
descontos é um benefício a mais. Conversamos com vários órgãos, de outros
estados e municípios e de outros Poderes. Quando visitamos os seus sites, vimos
que eles não tinham a pujança que precisa um governo com pessoas espalhadas nos
27 estados do Brasil. Pensamos em fazer um teste com o mercado sobre o
interesse nesse público que tem estabilidade e bom salário, mas de forma que o
governo não pague nada. Por isso, pensamos no chamamento público. Todas as
empresas que atender os mínimos critérios e não deixar ninguém desassistido,
vamos credenciar e divulgar. Não tem um vencedor. Isso é um ponto bastante
importante.
Será o governo a repassar os dados do servidor para os
clubes de descontos?
No edital, o governo esclarece que não vai fornecer nenhum
dado ou enviar oferta ao servidor. Somente divulgará as credenciadas nas redes.
No Portal do Servidor, vai ser criada uma abinha “clubes de descontos”, com a
lista dos credenciados. O servidor vai pesquisar e escolher. Na hora de se
cadastrar, ele espontaneamente passa suas informações, como faria para aderir a
qualquer clube de descontos ou uma compra online. E como essa empresa vai
homologar o cadastro dele? Hoje tem lá no Portal da Transparência uma
aplicação, onde se escreve o número do CPF – mesmo não sendo servidor público
-, que vai dizer se ele consta ou não na base. Nós não fornecemos nenhum dado
exclusivo para essas empresas.
Esse grupo de servidores diz que o edital não tem critérios
específicos sobre o tratamento diferenciado a eles. E que não está claro como
ficarão depois os dados, se uma empresa resolve se descredenciar ou o governo a
dispense. Afirmam que tem muita ponta solta nesse mercado de cerca de R$ 350
bilhões (tamanho da folha).
Hoje toda e qualquer empresa se submete à Lei de Proteção de
Dados. Pode ser punida se fizer qualquer coisa com os dados do servidor.
Estamos fazendo uma experiência, para ver se essa foi uma estratégia acertada,
ou não. Quanto aos órgãos que já ofereciam vantagens, entendemos que são
serviços diferentes, não concorrentes. Uma coisa não deixa de existir por causa
da outra. É uma iniciativa isolada.
Pela forma como foi alinhavado o edital, dizem, somente
cinco empresas têm condições de participar.
Para se credenciar, não tem problema nenhum. A empresa que
tenha somente uma especialização, até 3 de outubro, pode procurar por outros
parceiros. Só há um critério, que é a capilaridade nacional nas categorias de
saúde, viagem e educação. O público de servidor é heterogêneo. Afinal são 1,2
milhão (entre ativos, aposentados e pensionistas) de pessoas passíveis de
acessar o clube. A empresa tem que ter pelo menos um parceiro em duas delas.
Quanto mais parceiros melhor, já que o interesse da empresa é trazer fluxo do
seu clube. Eu penso que os critérios hoje são fáceis de ser atendidos. Com a
tecnologia, basta que venda online no Brasil inteiro e entregue. Não é uma
barreira para empresas menores.
Quais foram os critérios desse chamamento público?
Nessa primeira fase, as empresas comprovam a idoneidade.
Apresentam documentação do seu correto cumprimento com as obrigações legais,
fiscais e trabalhistas. O segundo ponto é o atendimento de um nível mínimo de
qualidade de serviços. Ter capilaridade é comprovar dois parceiros em duas das
categorias – integral ou parcial. Quem atende integralmente tem mais de 200
parceiros comprovados. Quem atende parcialmente tem entre 100 e 200. Ou seja,
para estar elegível tem que ter no mínimo 100 parceiros. O terceiro critério é
a plataforma tecnológica. A intermediação tem que se dar por web ou mobile que
suporte o acesso de pelo menos 127 mil pessoas (10% de 1,270 milhão). No
parcial, a empresa tem que se comprometer, em três ou quatro meses depois de
credenciada, a se ajustar para que atenda totalmente aquele critério.
É possível que o clube que não ofereça o desconto venha a
ser descredenciado? Vai haver controle da União, do ministério? Se a empresa
não fizer o que prometeu, tem previsão de substituição?
Não deliberamos no edital sobre como as empresas vão se
remunerar, ou qual será o modelo de negócios. Também não está previsto controle
ou fiscalização. Vamos ter pesquisas de satisfação com servidores, nas redes de
comunicação internas, e aí eventualmente pode haver o descredenciamento. No
credenciamento, nenhuma empresa é substituída. Se for descredenciada, ela caiu
fora e fim. A gente vai abrir eventualmente um novo edital para ver se mais
empresas querem participar.
Fonte: Blog do Servidor