BSPF - 06/12/2019
Estudo elaborado pelo Ipea mostra que o funcionalismo
público cresceu no Brasil de 1986 a 2017, impulsionado principalmente nos
municípios
A nova versão do Atlas do Estado Brasileiro será divulgada
nesta sexta-feira, dia 06/12, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea). A plataforma interativa traz dados sobre a estrutura e a remuneração no
serviço púbico federal, estadual e municipal do Executivo, Legislativo e
Judiciário.
O Atlas do Estado Brasileiro apresenta, por nível federativo
e pelos três poderes, informações como total de vínculos de emprego no setor
público, evolução anual da remuneração mensal média, comparações entre civis e
militares, diferenças de remuneração por sexo e nível de escolaridade dos
servidores, entre outros dados.
O estudo Três Décadas de Evolução do Funcionalismo Público
no Brasil (1986-2017) – também divulgado pelo Ipea nesta sexta, sintetizando
alguns dos principais dados da plataforma – revela que, em 2017, foram gastos
R$ 750,9 bilhões com os servidores ativos, o que corresponde a 10,5% do Produto
Interno Bruto (PIB) brasileiro. Em 32 anos, o funcionalismo público ampliou-se
em 123%: o número total de vínculos subiu de 5,1 milhões para 11,4 milhões.
Apesar do crescimento expressivo, a expansão foi similar à do mercado de trabalho
formal no setor privado (crescimento de 95% no total de vínculos).
Apenas um em cada dez servidores públicos, porém, é da
esfera federal. O aumento no funcionalismo público observado na série de dados
está concentrado nos municípios. No período analisado, o número de vínculos
municipais aumentou 276%, enquanto o crescimento foi de 50% na esfera estadual
e de 28% na esfera federal (incluindo civis e militares). No caso dos
municípios, 40% das ocupações correspondem aos profissionais dos serviços de educação
ou saúde: professores, médicos, enfermeiros e agentes de saúde.
Em 2017, persistia grande discrepância na remuneração dos
três níveis federativos. Apesar de representarem 60% dos vínculos do setor
público, os servidores municipais ganham, em média, três vezes menos que os
federais. Na comparação entre os três poderes, o Judiciário tem salários cinco
vezes maiores que o Executivo, na média.
A participação da mulher no mercado de trabalho avançou nos
32 anos da série histórica, embora elas continuem ganhando menos que os homens,
em todos os níveis. Uma explicação possível para tal situação é a probabilidade
de que elas estejam predominantemente em ocupações com menor remuneração (uma
vez que respondem pela maior parte das vagas nas áreas de saúde e educação). A
média salarial dos homens era 17,1% superior à das mulheres em 1986, diferença
que subiu para 24,2% em 2017.
O levantamento mostrou também que houve aumento na
escolaridade dos servidores públicos, em todos os níveis da administração. Em
2017, 47% dos servidores públicos do país possuíam nível superior completo (bem
acima dos 19% com esse nível de escolaridade em 1986).
A plataforma do Atlas do Estado Brasileiro tem a maior série
histórica de remuneração do setor público nesses 32 anos. “A nova versão do
Atlas do Estado Brasileiro não é apenas uma atualização da plataforma. Há novos
dados, além de mudança no layout e na usabilidade da ferramenta, que
possibilita fazer uma análise bem detalhada do setor público no país”, disse um
dos coordenadores do projeto e pesquisador do Ipea, Felix Garcia Lopez.
Consulte a plataforma em
http://www.ipea.gov.br/atlasestado/
Fonte: Ipea