segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Intenso entra e sai caracteriza cargos de confiança do governo federal


Folha PE     -     09/12/2019




A gratificação paga para quem vem de fora da esfera pública é maior do que o valor recebido pelos servidores de carreira

Nem metade dos profissionais que exercem posições de confiança no governo federal tem uma progressão gradual na carreira, como as ascensões meritocráticas típicas do setor privado. É o que mostra um estudo inédito da Enap (Escola Nacional de Administração Pública) que será divulgado nesta segunda-feira (9/12).

O levantamento revela que, nas últimas duas décadas, as trajetórias dos cargos comissionados no Brasil foram marcadas por saltos, interrupções abruptas ou pura inércia. Nos sete níveis de hierarquia comissionados, as parcelas de profissionais de um certo cargo que passaram pelo patamar imediatamente anterior variam bastante, mas nunca ultrapassam 50%.

Entre os 1.883 funcionários que desempenharam funções como secretários nacionais ou presidentes de fundações – equivalentes ao nível 6 – 46,8% vieram do 5. Trata-se do percentual mais alto nesse recorte específico. Porém, entre eles, apenas 31% haviam passado pelo patamar 4 e somente 11,4% pelo 3.

No caso dos mais de 30 mil funcionários que tiveram cargos comissionados táticos, como coordenadores, 14,3% progrediram a partir do nível imediatamente anterior.

"Não há uma lógica de incentivos ao bom desempenho, em que as pessoas sobem gradualmente", diz Diogo Costa, presidente da Enap. Segundo ele, os dados confirmam o que especialistas dizem ironicamente: "as carreiras de confiança do setor público progridem mais como uma roda gigante do que como uma escada rolante".

A pesquisa, comandada pelo economista Leonardo Monastério, envolveu uma análise da trajetória individual de 1,2 milhão de servidores entre 2000 e 2018.

O levantamento é parte de uma iniciativa da Enap que buscará traduzir para a sociedade brasileira o que ocorre no governo federal por meio de dados elaborados de forma acessível.

A ideia de investigar a dinâmica dos cargos comissionados –criados pela Constituição de 1988– partiu de um consenso crescente sobre a influência que eles exercem na direção e na qualidade das políticas públicas, embora representem menos de 1% do funcionalismo federal.

Atualmente, há mais de 30 mil postos que recebem gratificação, com salários entre R$ 2.701 e R$ 17.328. Já o total de servidores federais ultrapassa 600 mil.

"Embora o poder político e administrativo varie de um nível hierárquico para outro, são cargos com nível de discricionariedade grande", diz o sociólogo Felix Lopez, pesquisador do Ipea.

Segundo ele, que estuda esse tema, os ocupantes dos cargos 5 e 6 tomam decisões relativas à formulação e à implementação de políticas. Por isso, suas nomeações são tão...



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