BSPF - 13/01/2020
Carreiras de Estado reagem. Servidores destacam que
concursos públicos são a forma mais transparente de evitar indicações políticas
A novidade do fim de semana foi o vídeo postado pelo
presidente Jair Bolsonaro, pelo Facebook, neste domingo, com declarações do
ministro da Educação, Abraham Weintraub. No depoimento, o ministro destaca que
os concursos públicos (e o Exame Nacional do Ensino Médio – Enem) são
praticamente talhados para selecionar somente candidatos de esquerda. A
estratégia, que ele chama de “doutrinação e mentiras”, foi usada não apenas nos
16 anos dos governos do PT. Teria começado “de uma forma suave e gradual” desde
a gestão de Fernando Henrique Cardoso (1991-2002). “A gente está falando de
mais de um quarto de século”, disse.
Como exemplo, ele cita o certame para a Agência Brasileira
de Inteligência (Abin). “Entre na internet e veja o concurso público da Abin.
Se você ver, tem praticamente nada de matemática. E está falando de governo
estado-unidense. Então você já seleciona pessoas com viés de esquerda, como é o
Enem”, garantiu. Weintraub, que tem sido criticado por postar mensagens com
erros de português, reitera que “é importante que seja dito como são esses
concursos públicos”. Servidores públicos de carreiras de Estado, cuja maioria
votou em Jair Bolsonaro, demonstraram perplexidade.
“É uma das maiores bobagens que já ouvi. Pelo contrário. A
grande crítica aos governos do PT foi justamente por não ter mudado as formas
de contratação, privilegiando linhas ortodoxas de pensamento”, destacou Rudinei
Marques, presidente do Fórum Nacional das Carreiras de Estado (Fonacate). Para
Edivandir Paiva, presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia
Federal (ADPF), o concurso “é ainda uma das coisas mais transparentes no país”.
A seleção da PF, lembrou Paiva, tem várias fases e em todas
são exigidos conhecimentos técnicos. “Essa deve ser uma versão particular dele
(ministro Weintraub). Não há manifestações de direita ou de esquerda nas provas
para delegados da PF. Não consigo imaginar nada que possa ser identificado como
seleção político-partidária. Defendo o concurso porque é impessoal e o
candidato não depende de indicação ou de padrinhos”, destacou Paiva.
Fonte: Blog do Servidor