Correio Braziliense
- 14/04/2020
Coronavírus: Corte no salário de servidores entra no radar
de autoridades
Com a redução de rendimentos de trabalhadores da iniciativa
privada, devido à crise, cresce a pressão para que o funcionalismo público
também dê sua cota de sacrifício
Enquanto os trabalhadores do setor privado veem a renda
encolher com a suspensão dos contratos de trabalho ou com a redução de jornada
e de salários em até 70%, medidas definidas pela Medida Provisória 936/2020, há
uma expectativa de analistas de que, a partir de agora, a sociedade vai exigir
que os servidores também deem sua cota de sacrifício.
Ontem, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que
vinha defendendo corte de até 20% nos salários do funcionalismo, sem encontrar
apoio nos demais poderes, reafirmou que é preciso um acordo para aprovar essa
medida em meio à desaceleração da atividade econômica provocada pela pandemia.
“Os poderes são independentes. Não dá para fazer demagogia. Mas acho que esse
debate é importante e ele virá. Todos aqueles com salários maiores nos Três
Poderes, em algum momento, vão ter de compreender e dar uma contribuição”,
sustentou, durante uma videoconferência realizada pela Associação Brasileira da
Indústria do Trigo (Abitrigo). “Mas, não tendo acordo com o Executivo e o
Judiciário, a gente não pode prejudicar apenas os servidores do Congresso”,
emendou.
Maia disse, também, que tem conversado com o Ministério da
Economia para construir uma proposta alternativa de congelamento de salários
por dois a três anos. “Se o governo encaminhar a proposta de congelamento de
salários, ela vai ter um debate rápido na Câmara. Mas é preciso também que o
Executivo encaminhe as propostas para trabalharmos juntos com as bancadas de
todos os partidos”, explicou. Ele disse, ainda, que o Congresso não aumentou o
teto de R$ 33 mil para R$ 39 mil, no ano passado, como fez os demais poderes.
O corte na despesa com pessoal junto aos 11,5 milhões de
servidores públicos no país é uma das bases do ajuste fiscal adicional à
reforma da Previdência tanto no governo federal quantos nos regionais, de
acordo com o secretário-geral da Associação Contas Abertas, Gil Castello
Branco. “A despesa com pessoal é um dos maiores gastos do...