Blog do Servidor
- 20/04/2020
Há pelo menos três décadas, se tornaram frequentes os
alertas para o gasto considerado excessivo com os servidores
Em 1990, o ex-presidente Collor de Mello chamou os servidores
de “marajás”. Fernando Henrique Cardoso congelou salários por cinco anos. Dilma
Rousseff também combateu os “sangues-azuis”, entre outros fatos históricos.
Agora, na atual gestão de Jair Bolsonaro, independentemente das ofensas
desferidas, ou do apoio de alguns setores, o mundo se depara com a pandemia
pelo novo Coronavírus.
Quando a Câmara dos Deputados aprovou robusto auxílio a
Estados, municípios e Distrito Federal (R$ 89,6 bilhões), sem contrapartidas
que obriguem governantes a não usar o dinheiro nas despesas com a folha de
pagamento, os especialistas ligaram o sinal vermelho. Carlos Kawall, diretor do
Asa Bank e ex-secretário do Tesouro Nacional, declarou que usar os recursos
originalmente destinados ao combate à Covid-19 para despesas com o
funcionalismo “é imoral”.
Para Kawall, é preciso ter foco, para evitar novo inchaço da
máquina pública, responsável pela crise de 2014, especialmente nesse momento em
que trabalhadores da iniciativa privada se submetem a cortes de 25%, 50% ou 70%
nas rendas mensais para manter o emprego. A economista Ana Carla Abrão, da
consultoria em gestão Oliver Wyman, afirmou que o congelamento dos subsídios
deveria ser “o mínimo” de contrapartida.
“Não colocar essa salvaguarda é absolutamente temerário.
Quando o dinheiro não é carimbado, os recursos vão em grande medida financiar
as despesas de pessoal, que crescem de forma incontrolada”, lembrou Ana Carla.
O economista Marcos Mendes, ex-coordenador adjunto da Dívida Pública do
Tesouro, destacou, além do congelamento, um conjunto de medidas a serem
inseridas na PEC do Orçamento de Guerra, com possível redução de 5% com
pessoal.
“Seria uma economia de R$ 27 bilhões, quase 30% do que se
está dando de socorro. Em vez de jogar nas costas dos contribuintes, os estados
fariam o ajuste por conta própria”, garantiu Mendes. O economista Gil Castello
Branco, secretário-geral da Associação Contas Abertas, receia que a
flexibilização dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) em função da
Covid-19, “sem congelamento, resulte em acréscimos ainda maiores com pessoal,
em detrimento dos investimentos com saúde, educação, segurança pública”.
Os números
Embora autoridades como o secretário de Política Econômica
do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, e o secretário do Tesouro Nacional,
Mansueto Almeida, estejam alinhados com as ideias de Estado mínimo, analistas
do mercado já deixaram claro que, de imediato, os servidores não serão chamados
a...
Leia a íntegra em Mercado condena possível desvio dos
recursos de combate à Covid-19 para bancar funcionalismo