Congresso Em Foco
- 15/04/2020
Por que reduzir salários de servidores pode prejudicar ainda
mais a economia
Em tempos de coronavírus, diversas ideias para obter
recursos públicos para o combate à pandemia têm surgido no Congresso Nacional.
Muitas se mostram promissoras e outras podem causar o efeito contrário ao
desejado.
Entre as ideias que parecem eficientes está a instituição de
empréstimos compulsórios de empresas bilionárias. As alíquotas representarão
pouca influência no estilo de vida dos acionistas e no funcionamento das companhias
e, além disso, haverá devolução dos valores retidos após o final da crise. A
medida arrecadaria R$ 80 bilhões.
Já a criação de um imposto sobre grandes fortunas gerará
outros R$ 80 bilhões e compensará, a partir de 2021, os auxílios do Governo para
ajudar a sociedade durante a atual pandemia.
Outra sugestão é usar o Fundo Eleitoral para o combate à
Covid-19. O expressivo valor reservado para 2020 é de R$ 2 bilhões e, com o
risco de as eleições serem adiadas ou terem sua campanha reduzida, o redirecionamento
da verba pouco prejudicaria o eventual pleito. Vale lembrar que os partidos já
contam com mais R$ 1 bilhão do Fundo Partidário para suas atividades.
Por outro lado, uma ideia que representaria um tiro pela
culatra é a de reduzir salários de servidores públicos. Sob o aspecto jurídico,
a medida é inconstitucional e acabaria sendo derrubada judicialmente, pois ela
esbarra na regra da Constituição Federal (CF) de irredutibilidade de
vencimentos (art. 37, XV, CF), cláusula pétrea de garantia individual do
servidor que não pode ser abolida nem mesmo por emenda à Constituição (art. 60,
§ 4º, IV, CF), conforme, aliás, já decidiu o Supremo Tribunal Federal.
Sob a ótica econômica, vale lembrar que o servidor público
não é uma ilha, isto é, não está isolado em seu mundo, sem interagir com
ninguém. Ele é, muitas vezes, a principal fonte de renda da família, custeando
despesas do cônjuge, filhos e até de...
Leia a íntegra em Servidor público não é uma ilha